Oposição quer que Governo explique dinheiro concedido a BPP - TVI

Oposição quer que Governo explique dinheiro concedido a BPP

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Louçã alerta que até agora verbas não serviram para pagar a clientes do banco

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O líder do Bloco de Esquerda afirmou esta segunda-feira que vai questionar quinta-feira o Governo sobre a aplicação do dinheiro que o Estado concedeu ao Banco Privado Português, empréstimo esse que até agora «não serviu para pagar os clientes do banco».

Em declarações à agência Lusa, Francisco Louçã disse querer saber qual foi a aplicação do dinheiro que o Estado concedeu ao Banco Privado Português (BPP), adiantando que vai exigir um «esclarecimento muito detalhado» ao primeiro-ministro, José Sócrates, e ao ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, numa «interpelação prevista para quinta-feira».

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As declarações do líder do Bloco de Esquerda (BE) surgem após o Ministério das Finanças ter esclarecido que não tenciona ajudar mais o BPP, além do aval dado a um empréstimo de 450 milhões de euros.

Numa entrevista concedida hoje à RTP, Teixeira dos Santos deixou claro que cabe aos administradores e accionistas responderem perante os clientes que investiram na área de gestão.

«A não viabilização de um segundo empréstimo significa, creio eu, que o banco vai a falência. O primeiro empréstimo não serviu para fazer pagamentos que se conheçam aos clientes do BPP. Há uma enorme nebulosidade sobre esta matéria», criticou Francisco Louçã.

«Se o primeiro empréstimo foi para pagar clientes ou investidores no estrangeiro queremos saber quais. É um dossiê que exige um esclarecimento muito detalhado e que o BE, o mais tardar, na quinta-feira vai pedir», acrescentou.

Segundo o líder do BE, o que importa, em primeiro lugar, é «que as poupanças dos clientes do banco sejam garantidas pelo sistema de garantias».

«O Governo diz que o fará, esperemos que cumpra. Mas tem que haver uma responsabilização. São os accionistas que têm de responder pelas acções, não os contribuintes», frisou Francisco Louçã, sublinhado que «ninguém pode ficar a perder por isso».

PS recusa comentar

Contactado pela Lusa, o porta-voz do PS, Vitalino Canas, escusou-se a comentar o assunto: «O ministro das Finanças já falou sobre a matéria pelo que não temos nada a acrescentar», disse.

Por sua vez, o líder parlamentar e vice-presidente do CDS-PP, Diogo Feio, disse que o partido quer que o Governo esclareça o «valor exacto de depósitos no sentido clássico que existem no BPP» e a «avaliação das contragarantias que foram prestadas pelo banco em relação ao aval de 450 milhões de euros».

Segundo Diogo Feio, o CDS-PP considera que estes esclarecimentos devem levar a que o ministro das Finanças «antecipe a sua ida ao Parlamento, marcada para 11 de Março, para esclarecer de modo urgente rápido e concreto a concessão de avais do Estado».

«Ao confirmaram-se dados que são públicos há que salientar que o Governo recuou desde a primeira hora que o CDS tem feito a distinção entre a necessária protecção de depósitos, uma pequena parte da área de negócios do banco e a gestão de fortunas», criticou.

«É para nós claro que devem ser dadas garantias para defender depositantes. O que nos parece é que o Estado deveria ter explicado o sentido da sua intervenção desde o início, o que não fez», acrescentou.
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