Silva Lopes: «Banco deve explicar riscos ao cliente» - TVI

Silva Lopes: «Banco deve explicar riscos ao cliente»

Silva Lopes prevê mais aperto de cinto

Antigo ministro das Finanças diz que só assim se pode combater «iliteracia financeira»

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O antigo ministro das Finanças José Silva Lopes defendeu esta quarta-feira, em Coimbra, a necessidade de os bancos darem mais informação aos clientes sobre os fundos financeiros, considerando que, em Portugal, existe uma «iliteracia financeira».

«Não se pode esperar que o cidadão corrente possa apreender facilmente o risco e a mecânica dos produtos muito complicados. O banco deve ser obrigado a explicar ao cliente os riscos que está a correr», afirmou o economista, em declarações aos jornalistas à margem da conferência «Economia Mundial, Autonomia das Políticas Económicas e Paraísos Fiscais», citado pela agência Lusa.

Silva Lopes, que foi um dos comentadores desta iniciativa que decorreu na Faculdade de Fconomia da Universidade de Coimbra (FEUC), admitiu que, «muitas vezes, essa informação consta dos contratos», a qual, geralmente, está redigida «numa linguagem muito jurídica, difícil de compreender».

«Penso que tem de se fazer alguma coisa para que em produtos mais complicados, em depósitos não é preciso, o aforrador seja informado», sublinhou.

Ao falar dos «problemas em Portugal no sector financeiro», Silva Lopes considerou que no BPN se trata de «um caso completo de fraude e criminalidade, com recurso aos paraísos fiscais», e que no BCP se trata também de fraude, com não cumprimento da lei.

BPP: gestão imprudente

Reportando-se ao BPP, o antigo governador do Banco de Portugal considerou que se verificou «um problema de aplicações demasiado arriscadas».

«Não combinaram o risco das aplicações com o que era a percepção do risco da parte das pessoas que fizeram as aplicações. É um problema de má informação», sustentou, atribuindo aqui responsabilidades à supervisão, que, no seu entender, «deve impor mais informação aos investidores».

«O que é normal é os bancos venderem produtos como relativamente seguros produtos que não são seguros», afirmou, adiantando que o caso do BPP revela «uma gestão profundamente imprudente».

Comentando, aos jornalistas, a intervenção do magistrado e investigador Jean De Maillard, que associou capitalismo e criminalidade, Silva Lopes rejeitou essa interpretação.

«Não diria que o capitalismo seja criminoso. Muitas coisas que ocorrem no capitalismo são imperfeições do mercado», referiu.
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