Devíamos produzir muito pouco e muito caro - TVI

Devíamos produzir muito pouco e muito caro

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César das Neves debate crise económica

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Os portugueses deviam ser como «ourives»: produzir «muito pouco e muito caro» de acordo com João César de Neves.

Ainda que admita que Portugal está a subir na escala tecnológica, para o economista a melhor forma do país se tornar mais competitivo é apostar na qualidade e não na quantidade, de forma a atingir, pelo menos, o nível médio de crescimento dos seus pares europeus.

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«Os portugueses têm a mania de produzir em grandes quantidades e não pode ser», comentou num debate «Crise financeira: que implicações», organizado pela Universidade Católica de Lisboa, para alunos do secundário, ou seja, para «os futuros gestores e economistas».

Portugal: centro da crise é desemprego

César das Neves reconhece que a crise em Portugal não tem origem financeira, mas que o nosso maior problema está no desemprego.

«Os nosso bancos estão sólidos e, no caso do BPN e BPP, são instituições pequenas e não afectam o nosso sistema. O desemprego é que nos preocupa porque vai ser o centro das dificuldades», disse, sublinhando que para ultrapassar essa situação é preciso recuperar confiança e voltar à actividade.

Aqui, o economista mostra-se defensor da intervenção do Estado, nomeadamente na ajuda aos desempregados e às empresas.

«O desemprego está a aumentar e vai continuar. É preciso actuar de maneira a não salvar empresas que já estão falidas».

O economista assume que há muitas empresas que ainda não tem problemas e que os antecipam aos despedirem trabalhadores.

«É uma insensibilidade com os funcionários e até com o país. Estão eles próprios estão a gerar crise», acrescentou.

Além do desemprego, mostrou-se ainda preocupado com a imigração: «São os primeiros afectados. Vamos ter problemas de saída de imigrantes e também dos próprios portugueses.»

Já não temos problemas no sistema de segurança social

No que toca à duração desta crise, o responsável escusa-se a fazer prognósticos: «Ninguém sabe. Diz-se que para o ano vai melhorar e se for assim é óptimo». No entanto está confiante que dentro de alguns anos, a economia «será parecida com o que foi antes», disse.

«Vai ficar na memória mas recuperaremos. Pintam-se sempre mais graves do que realmente são», referiu.

César das Neves realça ainda a reforma que foi feita no sistema de segurança social português. «O Governo fez a reforma e disse que o problema estava resolvido, mas ninguém acreditou. O facto é que já não temos problemas no sistema, mas há mais coisas a fazer».
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