CTT: trabalhadores queixam-se de falta de diálogo de Mata da Costa - TVI

CTT: trabalhadores queixam-se de falta de diálogo de Mata da Costa

  • Rui Pedro Vieira
  • 28 ago 2008, 14:25
CTT [arquivo]

Sindicato espera gestão mais racional da empresa mas teme por degradação de componente social

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Os trabalhadores dos Correios queixam-se que o actual presidente dos CTT, Estanislau Mata da Costa, dialoga menos do que o anterior presidente, Luís Nazaré. Situação que o presidente da administração rejeita, por considerar que as reuniões com as estruturas sindicais são frequentes.

Em jeito de balanço sobre os primeiros meses de Mata da Costa à frente da presidência, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, disse à Agência Financeira que a principal crítica a fazer à actual administração é a ausência de contacto com os funcionários: «Há um agravamento na comunicação até porque Luís Nazaré era bem mais dialogante. Não há relacionamento institucional e há falta de ideias», disse.

Entre as queixas que estão pendentes para o SNTCT, está o alegado desfasamento salarial. Os trabalhadores dos CTT acusam a administração de discriminarem os salários dos colaboradores, considerando que a maioria dos funcionários não é contemplada pela subida.

«Tentámos negociar aumentos salariais com a administração em Junho e Agosto, mas a resposta que nos deram foi que não tinham cabimento. Há efectivamente discriminação salarial e o assunto está agora a ser investigado pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT)», acrescentou Vítor Narciso.

Pontos contra e a favor

O sindicato considera que este é um ponto moroso em cima da mesa e que deve ser resolvido pela via do diálogo, mas não é o único: «Tudo continua na mesma. A qualidade do serviço universal está a degradar-se, o acesso das pessoas aos correios também e o atraso na correspondência continua a verificar-se», diagnostica o secretário-geral do SNTCT.

À AF, o porta-voz dos trabalhadores alerta ainda para o aumento do trabalho precário no interior da instituição e para a necessidade de resolver o problema da negociação do acordo de empresa.

Apesar de «não se vislumbrar uma mudança», Vítor Narciso reconhece que o actual presidente, anteriormente administrador financeiro dos CTT, tem condições para «realizar uma gestão mais racional» da empresa. Contudo, o porta-voz dos trabalhadores apela a que a potencial boa «performance» financeira não se venha a sobrepor à componente social.

«Os bons resultados conseguidos pelos Correios nos últimos anos foram à custa da deterioração do serviço postal e do encerramento de postos dos correios. A curto e médio prazo esperamos que a nova administração consiga criar novas formas de negócio e captar mais clientes. Temos condições para isso dada a nossa rede e o número de trabalhadores», concluiu Vítor Narciso.

Presidente confiante no entendimento

Confrontado pela Agência Financeira, o presidente dos CTT rejeitou as acusações de falta de diálogo e sublinhou que as reuniões com as estruturas sindicais são frequentes.

À margem da apresentação dos resultados do primeiro semestre, Mata da Costa lembrou que a empresa está a procurar uma plataforma de entendimento.

«Não há discriminação salarial, o que há é um aumento que foi subscrito por 65 por cento dos funcionários ao aderirem ao novo acordo de empresa», disse. O mesmo responsável lembrou que, dos 14 sindicatos existentes na empresa, apenas cinco não o fizeram.

Recorde-se que Estanislau Mata da Costa foi confirmado no cargo de presidente a 28 de Abril, em assembleia-geral. A empresa operou, nos primeiros seis meses, a um aumento de 1,2% no número de funcionários, ou seja mais 182 colaboradores. Os CTT contam agora com um total de 16.107 efectivos.
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