As razões da «morte anunciada» de alguns centros comerciais - TVI

As razões da «morte anunciada» de alguns centros comerciais

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Incapacidade de adaptação à mudança dita shoppings fantasma

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A falta de know-how na produção de ambientes comerciais, de capacidade de adaptação à mudança de estilos de vida e a saturação do mercado são algumas razões apontadas pelos especialistas para a «morte anunciada» de muitos centros comerciais, escreve a agência Lusa.

Se alguns passaram por várias décadas com a perspicácia de se adaptar às constantes mudanças nos estilos de vida e dos valores dos consumidores, outros acomodaram-se e acabaram por transformar-se em espaços fantasma, com corredores vazios e lojas fechadas.

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«Para se poder prevenir estas situações e gerir de forma sustentável o sistema, é acima de tudo necessário uma verdadeira política de urbanismo comercial», disse à agência Lusa o geógrafo Herculano Cachinho, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, com trabalhos publicados na área da geografia do comércio e do consumo.

«É possível conceber uma rede de centros comerciais que convivem em perfeita harmonia com o comércio tradicional de rua explorando as suas complementaridades», considerou o especialista, exemplificando: «Hoje, os centros comerciais estão em alguns países, como o Reino Unido, a servir de âncora de revitalização e regeneração dos centros das cidades».

«O que é insustentável, a médio e longo prazo, com custos económicos e sociais que não conseguimos ainda imaginar, é o elevado número de unidades que continua a ser aprovado, que nada servem para a melhoria do sistema comercial, bem pelo contrário, o tornam cada vez mais vulnerável», afirmou.

Exemplos da desolação

Espaços como os centros comerciais Alvalade ou Gemini (bairro do Rego), no bairro do Rego (Lisboa), são exemplo de espaços comerciais outrora vivos e que hoje apresentar um ar desolador.

«A falta de unidade de gestão impede uma política concertada de gestão do mix comercial, que se foi alterando em função da intuição para o negócio, que em média em 60 por cento dos casos no comércio não é bem sucedida», afirmou o especialista, apontado igualmente ainda a falta de capacidade de adaptação e a excessiva proliferação de centros comerciais.

«A proliferação de centros comerciais ao longo das últimas décadas foi tal que a concorrência que antes estabeleciam com o comércio tradicional passou agora a fazer-se entre este tipo de empreendimentos, com especial destaque entre as unidades de dimensões diferentes», acrescentou.

Mas não é apenas nos antigos centros comerciais que este fenómeno acontece.

Alvaláxia está na lista

O Centro Comercial Alvaláxia, em Lisboa, e o centro Comercial Trindade, no Porto, por razões diversas, apesar de abertos há poucos anos já apresentam dois principais sinais de abandono: lojas fechadas e corredores vazios.

Nos casos de empreendimentos recentes como estes, que acabaram como espaços fantasma, Herculano Cachinho aponta dois principais factores: a saturação do mercado, isto é «a maior parte dos centros nada traz de novo», e a escolha pouco ou nada acertada da localização escolhida.

«A localização de alguns empreendimentos não foi devidamente pensada, mesmo estando sobejamente demonstrado que esta variável é fundamental para o sucesso destes empreendimentos», concluiu.
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