«Poder vantajoso» de produtos brancos assusta marcas - TVI

«Poder vantajoso» de produtos brancos assusta marcas

  • Rui Pedro Vieira
  • 23 abr 2009, 09:05
Carrinho de compras

Centromarca fala em «consequências graves» para o mercado do consumo

As empresas com produtos de marca têm um novo desafio pela frente: além da crise financeira, e também por causa dela, os produtos de marca própria (também conhecidos por marcas brancas) estão a ganhar terreno. Algo que, no entender da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca (Centromarca), gera «consequências graves» para o mercado de consumo devido a situações de concorrência desiguais.

«O presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) já registou a preocupação da indústria. Faz falta um olhar mais atento e analítico em relação a este problema», disse à Agência Financeira, a directora-geral da Centromarca, Beatriz Imperatori.

Em causa estão, no entender da responsável, «condições estruturais de concorrência», nomeadamente o facto dos produtos de marca terem uma série de regras que são obrigados a cumprir, como a não partilha de dados entre uns e outros, ou a sua não antecipação.

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«Quando temos uma marca branca na prateleira, a marca branca sabe de antemão tudo o que são os projectos e o posicionamento das marcas que estão em prateleira e joga com isso. Há uma vantagem que as outras marcas não têm», explicou Beatriz Imperatori à margem do 1.º Seminário Grandes Marcas Que Marcam, que decorreu esta terça-feira em Lisboa.

Para a associação que defende o valor dos produtos de marca, a AdC tem de olhar mais de perto para o sector e a sua vontade já expressa em fazê-lo é assumir de que as condições de concorrência podem ser melhoradas: «Há um poder novo que é o poder de quem compra, que está a ter consequências graves não só a montante como a jusante, não só para o consumidor como para quem fornece».

Resistir em tempo de crise

Nestes tempos de crise financeira, com repercussões ao nível do consumo, como pode um produto de marca sobreviver? No entender da Centromarca, o segredo passa por acompanhar a evolução da sociedade e do consumidor.

«O facto de haver marcas que apresentam 100, 200 ou mesmo 300 anos de história, é sinal de que têm propostas de relevância que foram evoluindo com o consumidor», explica a directora-geral da associação.

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Por outro lado, uma marca tem de ser objectiva, voltar à sua essência e de estar muito próxima do consumidor. À AF, Beatriz Imperatori reconhece que o preço também está a ganhar peso: «É por isso que as marcas estão a fazer um esforço para passar todo o seu benefício directamente ao consumidor. Mas isso variará em função dos produtos e da sua estratégia».
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