Sócrates recusa interferir em salários chorudos de gestores

O primeiro-ministro não quer interferir nos salários ou prémios dos gestores dos bancos, a não ser que o Estado tenha de entrar no capital de algum deles.

No debate mensal que decorre no Parlamento, o deputado do CDS-PP, Paulo Portas, lembrou José Sócrates que «cada administrador do BCP ganha 480 mil euros por ano e questionou o Chefe de Governo se o mesmo «não deveria ter uma palavra «moderadora e moralizadora» nos salários e prémios milionários dos gestores bancários.

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Na resposta, o primeiro-ministro lembrou que todos os bancos beneficiaram da garantia estatal para se financiarem. «O senhor deputado acha que o Estado deveria agora intervir na política de remuneração dos administradores das instituições bancárias?», inquiriu.

«Se um desses bancos, que beneficia da garantia estatal, deixar de a pagar e o Estado tiver de entrar no seu capital, aí sim, interviremos nos critérios de prémios e vencimentos. Se um banco recorrer aos fundos disponibilizados pelo Governo para se recapitalizar, aí sim, teremos o direito a ter uma palavra na política de prémios e de remunerações dos gestores», considerou.

E foi mais longe: «Sou o primeiro a criticar o exagero da banca no pagamento aos gestores, já considerei que isto é pura arrogância, já classifiquei os prémios astronómicos que os bancos pagam aos seus gestores como um engano aos seus accionistas. Fico escandalizado com os prémios que as instituições internacionais pagam aos gestores que apenas se limitaram a levar essas instituições à falência. Mas não alinho no discurso da inveja social», disse.

No rebate, Paulo Portas insistiu que o Governo deveria ter uma «palavra moralizadora» nesta matéria.