Tem havido alguma polémica em torno do Alqueva. Como vê esse processo?
A questão do Alqueva é, no mínimo, paradoxal. Sei que é um processo com determinados contornos, que a coisa não está fácil, mas ninguém me tinha convidado e não tinha nenhuma expectativa. Mas, a partir do momento em há um anúncio público pelo Governo de que queria fazer um concurso e de que aparecessem muitos interessados, é outra situação. Ia haver um processo a ir à praça e logo se via quem apresentava a melhor proposta. Aí, disse que também queria participar. Transmitimos formalmente essa intenção e comecei a pôr as equipas a trabalhar.
A Endesa tem muita experiência em hidro-electricidade e em todo o tipo de barragens. Aliás, muitas deste tipo e tenho vantagens comparativas naquela zona sobre qualquer operador, mesmo a EDP. Dá-me condições de legitimamente aparecer com uma proposta competitiva. Fiz todo o trabalho à espera de sair o concurso. Agora, fico estupefacto com notícias que vão aparecendo, e que sei que houve reuniões nesse sentido, de cozinhar um acordo que envolve a EDP e a Galp para afinal o Governo voltar atrás com o anúncio público que fez do concurso e repartir o Alqueva entre os dois incumbentes ditos nacionais. Não é um processo muito coerente com as declarações que se pretende ter um mercado mais dinâmico, competitivo e mais animado e isso é que me surpreendeu. Não admito que haja uma marcha-atrás nesta matéria. Não andamos todos a brincar.
Está a pensar reagir? Por exemplo, contactar a Comissão Europeia?
Vou ver o que é que sei. Até agora, em conversas oficiais, o que me foi dito foi que ia haver concurso. Por isso, não quero estar a por um cenário do que vou fazer ou reagir enquanto a última palavra que tive é que ia haver concurso.
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«Não admito marcha-atrás» no concurso da barragem do Alqueva
- Marta Dhanis
- 30 abr 2007, 16:00
O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, faz queixas à «Agencia Financeira» sobre a actuação do Governo relativamente ao concurso público a lançar para a gestão e exploração da barragem do Alqueva e em que não admite recuos.
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