Lehman Brothers vale hoje 33,5 mil milhões de euros

Nos tribunais americanos que lidam com falências, investidores e credores esgrimam argumentos numa luta amarga pelo que resta da Lehman Brothers, em tempos a quarta instituição financeira dos Estados Unidos.

A Lehman Brothers abriu falência em Setembro do ano passado e na altura os seus bens imobiliários estavam avaliados em cerca de 43 mil milhões de dólares (33,5 mil milhões de euros) o que, no dizer de um analista local, torna a instituição «num cadáver muito valioso», seis meses depois de ter sido descrita como «um buraco negro»,avança a Lusa.

Nos Estados Unidos, quando uma companhia declara falência pode convencer o juiz ou juízes que presidem ao processo de que os seus activos imobiliários vão subir de valor.

Com o mercado imobiliário norte-americano a navegar nas águas mais revoltas desde a década de 1930, a Lehman Brothers (ou que ainda resta dela) recebeu autorização para utilizar alguns dos seus fundos monetários (cerca de seis mil milhões de dólares) para fortalecer diversos investimentos imobiliários, tendo em vista aumentar o seu valor, e tentar recuperar ainda algumas das perdas á força de liquidez.

A companhia recebeu autorização para usar 230 milhões de dólares para manter em funcionamento a companhia Archstone (que investe em apartamentos) e que a Lehman havia comprado em 2007.

Os especialistas encarregados pelos tribunais de controlar o que resta da companhia recusaram-se, no entanto, a aprovar o uso de fundos noutros investimentos da Lehman, causando o abandono de dois projectos em Nova Iorque e outro no Estado norte-americano do Texas.

Estima-se que a falência da Lehman Brothers tenha posto no desemprego cerca de 26 mil trabalhadores, 20 mil dos quais nos Estados Unidos e cinco mil no Reino Unido, desconhecendo-se ainda a percentagem que conseguiu arranjar outros empregos.

As autoridades norte-americanas afirmam que um total de 26.500 ex-funcionários têm direito a receber pagamentos do fundo de pensões da companhia. A Pension Benefit Guaranty Corporation (PBGC), a companhia estatal de garantia de pensões, disse já que o fundo de reformas da Lehman Brothers possui 898,2 milhões de dólares para cobrir 940,8 milhões de responsabilidades

Buraco negro na contabilidade

A PBGC disse que em caso de necessidade pagará ela própria 17,9 milhões de dólares dessa diferença e que o restante (24,7 milhões) será pago através de seguros e da venda de bens da companhia.

Os Estados Unidos continuam a discutir os prós e os contras da decisão do então presidente George W. Bush se recusar a prestar ajuda financeira à Lehman Brothers deixando-a entrar em colapso.

O então secretário do Tesouro Henry Paulson disse que a Lehman estava em tão má situação financeira que não podia oferecer quaisquer garantias a empréstimos governamentais e que a instituição estava em tal situação que legalmente as autoridades não podiam fornecer fundos para a salvar.

Segundo Paulson, a Lehman tinha um «enorme buraco negro» de maus investimentos na sua contabilidade.