Portugal-País de Gales, primeira meia-final do Euro 2016. Minuto 50, canto de João Mário para Raphaël Guerreiro, cruzamento do lateral esquerdo... Chamaram por ele? Cristiano Ronaldo?! «Eu estou aqui!»: golo.
Portugal estava na frente da meia-final e colocou o primeiro pé na final do Campeonato da Europa. O segundo foi colocado logo quatro minutos depois, novamente com Ronaldo na jogada. Desta vez com uma assistência, pois o que começou por ser um remate acabou por ser finalizado por Nani.
Pede-se complacência com as metáforas e, sobretudo, com a individualização das questões, pois toda a seleção nacional, incluindo equipa técnica, merece o mérito deste feito, mas, nesta quarta-feira, o capitão português respondeu em campo como todos, agora incluindo também os companheiros de equipa, esperam que responda: nas suas próprias palavras, após o jogo, ao mais alto nível.
Cristiano Ronaldo é o primeiro jogador a atingir os 20 jogos em fases finais de Campeonatos da Europa. E nessas quatro fases finais disputadas – (2004, 2008, 2012 e 2016) como mais ninguém conseguiu – igualou nesta quarta-feira o máximo de golos marcados em Europeus: 9 golos, como já tinha Michel Platini (1984).
Desde 1964 que ninguém marcava golos em duas meias-finais de um Campeonato da Europa, o CR7 igualou esse registo também neste jogo com o País de Gales. Ronaldo é o terceiro a fazê-lo na história dos Europeus, depois dos russos Valentin Ivanov e Viktor Ponedelnik nos dois primeiros Campeonatos da Europa (1960 e 1964).
Mas o capitão português – o outro número 7 a capitanear uma seleção portuguesa numa final, como Figo em 2004 – é o primeiro a marcar um golo e a assistir para outro em duas meias-finais. Como no Europeu de Portugal, em que Ronaldo marcou o primeiro e assistiu para o segundo na semifinal com a Holanda, também agora o fez repetindo da mesa forma a marcação do seu golo a partir de um pontapé de canto.
No cômputo geral de todas as fases finais em que participou – sete, incluindo Europeus e Mundiais – Ronaldo marcou em todas e chegou nesta quarta-feira aos 12 golos. O golo que abriu o caminho para a final foi o quinto golo de cabeça num Europeu (dois em 2004, um em 2012 e outros dois neste de 2016) e o 17º de cabeça no total de 61 golos (o sexto a partir de um canto) que marcou pela seleção nacional – como pode conferir em pormenor sobre os anteriores 60 golos aqui. Refira-se que foi a primeira vez que Raphael Guerreiro fez a assistência para um golo do capitão.
Alargando o leque das marcas atingidas neste Portugal-País de Gales, Fernando Santos tornou-se o primeiro selecionador português a levar a equipa nacional a uma final - o anterior a fazê-lo, Scolari, era brasileiro - sendo o jogo do próximo domingo a primeira final para os portugueses fora do país.
Este trajeto de Fernando Santos é marcado pela inexistência de derrotas da seleção sob o seu comando em todos os jogos de competições oficiais disputados – que já vão em 13: com nove vitórias e quatro empates divididos entre esta fase final do Euro 2016 e os jogos da fase de qualificação iniciados com um triunfo sobre a Dinamarca, em outubro de 2014.
Uma série melhor só foi conseguida por Luiz Felipe Scolari quando a seleção portuguesa por si orientada esteve 17 jogos seguidos sem perder. Em fases finais de Europeus, a seleção portuguesa está há dez jogos consecutivos sem perder – a última derrota foi na estreia do Euro 2012, no primeiro jogo da fase de grupos, frente à Alemanha. Daí para cá, seguiram-se quatro em 2012 (a campanha acabou com um empate diante da Espanha) e mais seis nesta edição.