Acções da Brisa e EDP são as mais prejudicadas com eleições antecipadas - TVI

Acções da Brisa e EDP são as mais prejudicadas com eleições antecipadas

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As acções da Brisa e da Energias de Portugal (EDP) são as mais prejudicadas com a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas.

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Uma situação que travam a concretização de dossiers importantes como a introdução de portagens nas SCUTs, no caso da Brisa, e as alternativas para a integração do negócio do gás na EDP.

Refira-se que, na passada, terça-feira o primeiro-ministro Santana Lopes anunciou que o Presidente da República havia decidido dissolver a Assembleia da República e, consequentemente, convocar eleições antecipadas.

Em reacção, o mercado bolsista nacional registou uma queda de 0,5% para os 7.485 pontos no dia seguinte, no dia 1 de Dezembro. Esta queda foi mais acentuada durante a manhã, tendo o principal índice nacional caído mais de 1%.

Ao longo da manhã de quarta-feira assistiu-se «a pânico por parte dos investidores estrangeiros, por falta de informação», afirmou Pedro Santos, do Millennium bcp investimento à Agência Financeira. «Desconhecem a realidade nacional e assim que ouviram falar em queda do Governo resolveram sair do nosso mercado», acrescentou o analista.

Depois do primeiro impacto na bolsa portuguesa, provocado pela instabilidade política que o país atravessa, «os investidores portugueses analisaram mais friamente a situação», sublinha Pedro Santos. «Em termos económicos a situação é complicada, mas já o era. O mercado está indiferente (à instabilidade política).»

A Euronext Lisboa iniciou a sessão desta quarta-feira em ligeira alta e assim permaneceu durante a metade da sessão. Contudo, a queda das acções da EDP e da Brisa conduziram depois o PSI20 para o vermelho, pois são elas as cotadas mais prejudicadas com a situação política do país.

Brisa vê portagens nas Scuts adiadas

A Brisa é a empresa cotada que mais pode perder com a entrada de um novo Governo. António Mexia, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, pretendia introduzir portagens nas auto-estradas sem custos para os utilizadores, as denominadas SCUTs. Por outro lado, o Governo estava a ponderar entregar a cobrança das SCUTs à Via Verde da Brisa, o que iria permitir o aumento das receitas da concessionária.

Com a saída do Governo, o processo fica em risco. «A convocação de eleições antecipadas gera uma forte incerteza à volta desta questão, uma vez que o Partido Socialista era claramente contra a introdução de portagens nas SCUTs», afirma o analista Tiago Veiga Anjos, em nota de research. O mesmo salienta ainda que esta medida poderá não ser adoptada «caso o PS vença as eleições», que devem ocorrer em Fevereiro de 2005.

As acções da Brisa saem prejudicadas, na medida em que o «mercado já estava a descontar a introdução de portagens na rede de SCUTs a partir do segundo trimestre de 2004 e o impacto positivo na Brisa».

Alternativas para a fusão da Gás de Portugal na EDP adiadas

Mas esta é também uma situação que vem penalizar os títulos da EDP, pois o processo de integração da Gás de Portugal (GDP) na eléctrica nacional fica envolto em novas dúvidas e o arranque do Mercado Ibérico de Electricidade (Mibel) pode conhecer novo atraso.

Com o chumbo da fusão da GDP na EDP e na italiana Eni, cabe ao Governo encontrar alternativas «para reforçar a posição da eléctrica no negócio do gás. «Uma vez que vai haver eleições antecipadas, existem dúvidas sobre se o novo Governo vai apoiar o plano alternativo estabelecido pelo actual», afirmou outro analista à Agência Financeira.

Por outro lado, o Mibel, cujo arranque está marcado para meados do próximo ano, «pode ser novamente adiado.» Recorde-se que o Mibel é um dos argumentos utilizados quer pela EDP quer pelo Governo nas negociações com a Comissão Europeia para a aprovação da fusão do gás na EDP, uma vez que, assim, a eléctrica nacional poderia concorrer com congéneres espanholas do sector, nomeadamente a Endesa e a Iberdrola.
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