Agências de Viagens resignam-se à Ota se Governo ouvir exigências - TVI

Agências de Viagens resignam-se à Ota se Governo ouvir exigências

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As Agências de Viagens admitem vir a rever a sua posição, até aqui de total contestação, face à construção de um novo aeroporto na Ota. Isto caso o Governo português venha a apresentar algumas garantias que, nos discursos de apresentação do projecto, não são tidas como satisfeitas. Sem isso, as «sérias reservas» que tal obra trará ao turismo nacional vão manter-se.

Em Maputo, Moçambique, onde decorre o XXXI Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), sob o tema Turismo: Cooperação e desenvolvimento, o presidente da associação, Vitor Filipe, não deixou passar um dos temas mais quentes da actualidade nacional, logo no seu discurso de abertura, no sábado à noite.

O responsável começou por lembrar que o transporte aéreo é «incontornável para o turismo português e em particular» para o negócio das agências de viagens. E ao falar-se de transporte aéreo, «é evidente e actual que falemos do aeroporto da Ota», referiu.

Sobre esta última matéria, começou por recordar que a APAVT tem, ao longo do último ano, manifestado «sérias reservas» a um projecto que vêem como a «deslocalização do aeroporto da Portela». Por isso, ainda hoje, diz manterem essas reservas, «embora de forma mais mitigada».

Na presença do secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, Vítor Filipe explica esta posição com o facto da APAVT entender que, cabendo ao Governo decidir, «mais vale uma má decisão a uma indecisão». Mas, sublinha, «entendemos também que o processo decisório do Executivo deve, e tem sempre, que passar pela consulta às entidades privadas que são os maiores utilizadores deste tipo de infra-estruturas». Foi a alusão a uma das queixas da generalidade dos agentes do sector, que não chegaram nunca a ser ouvidos pelo Governo de José Sócrates sobre esta matéria.

APAVT contra criação de taxas adicionais para financiar obra

Assim, a APAVT admite alterar a sua posição, mas «apenas e somente» quando «estiverem claramente calendarizadas as obras de requalificação do aeroporto da Portela, inevitáveis para assegurar a melhor qualidade de serviço até que o novo aeroporto entre em funcionamento; fôr conhecida a orçamentação, definição e calendarizarão da construção das acessibilidades e for confirmado, na prática, que existirá um shuttle ferroviário, com tarifas atraentes, que assegure a ligação entre o novo aeroporto e Lisboa em 17 minutos, conforme referido pelo ministro» da tutela, Mário Lino, explicou Vítor Filipe.

É ainda exigido «que as tarifas que irão ser praticadas aos muitos autocarros de turismo, que circularão nas auto-estradas que ligam a Ota à capital, não penalizem, ainda mais, o turismo na região de Lisboa» e que «não sejam criadas taxas adicionais a cobrar aos nossos clientes para financiar a construção do novo aeroporto. Mais. Entendemos que, por força da deslocalização do aeroporto, as taxas nele praticadas devem ser efectivamente mais competitivas do que as que são actualmente cobradas no da Portela».

Recorde-se que o Banco Efisa, um dos financiadores do aeroporto que vai nascer na Ota, já adiantou a ideia de taxar em sete euros cada bilhete aéreo dos passageiros do aeroporto da Portela, para com esse dinheiro criar um fundo de desenvolvimento para ajudar a pagar o novo aeroporto.



Segundo o primeiro-ministro, José Sócrates, que apresentou publicamente os estudos de viabilidade do novo aeroporto da Ota no passado dia 22 de Novembro, o Governo ainda vai investir 400 milhões de euros no aeroporto da Portela enquanto o novo projecto, cujas obras arrancam em 2007 e terminam lá para 2017, não está pronta a receber os aviões.

Na mesma altura, José Sócrates lembrou que apenas 10% do investimento estimado, 3,1 mil milhões de euros, têm origem no Orçamento do Estado.

*a jornalista viajou a convite da APAVT
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