Banca vende imóveis penhorados com descontos de 30%

É que estes imóveis estão já isentos de comissões bancárias, registos provisórios e até da própria avaliação.

Com a crise a prolongar-se por mais tempo do que alguma vez agúem previu, e com o endividamento dos portugueses a atingir níveis quase recorde, tem aumentado também o incumprimento no pagamento das prestações de crédito.

O resultado, são as penhoras, cada vez mais frequentes, de casas, carros e tudo o mais que possa ter valor suficiente para render aos bancos e outras instituições de crédito o valor em dívida. Ouvir falar dos leilões de imóveis é cada vez mais frequente, mas o que muita gente não saberá é que, antes de serem leiloados, os imóveis são colocados à venda pelos bancos através de algumas mediadoras imobiliárias seleccionadas para o efeito.

A «Agência Financeira» encontrou uma empresária que se dedica, precisamente, a este negócio. Sandra Simões tem acordos com vários bancos, entre eles os dois maiores do mercado nacional, para vender as casas que os clientes dos bancos deixam de pagar.

Quem acha que em altura de recessão não existem bons negócios, desengane-se. Sandra Simões viu uma boa oportunidade, aproveitou-a, e não tem razões de queixa.

«A dada altura, quando o cliente deixa de pagar ou de cumprir com as suas obrigações perante a banca, ela própria acciona a hipoteca e todo o processo que lhe está inerente. Ninguém poderá definir timings, já que se tratam de processos complicados», explica Sandra Simões, que vai recebendo dezenas de imóveis novos para colocar à venda, todos os meses. Quem escolhe as mediadoras para vender os imóveis é «o próprio banco, ao tomar posse».

E para quem estiver interessado em saber onde se encontram à venda estes imóveis, basta informar-se junto dos próprios bancos, que indicam aos clientes onde podem dirigir-se.

Centenas de casas por mês

«Nós vendemos dezenas e dezenas de casas, e o número não pára de aumentar, tem vindo a subir gradualmente», explicou, em declarações à «Agência Financeira». A empresária explica que, por mês, chegam a vender mais de «uma centena de imóveis», só na sua empresa.

Neste negócio existe espaço para todo o tipo de imóveis. Desde habitação a lojas e escritórios. «Recebemos dos bancos todo o tipo de imóveis, urbanos, fora das grandes cidades, vivendas, apartamentos, condomínios, terrenos, armazéns, lojas, etc.», refere a empresária.

Por isso mesmo, também não se pode falar num perfil de cliente, já que estes imóveis atraem todo o tipo de compradores, «das classes mais baixas às mais altas».

De Norte a Sul do País

Hoje em dia, Sandra Simões percorre o País de Norte a Sul, uma semana em cada sítio, para fazer negócio. Apesar de garantir que, actualmente, já não há uma zona do País que predomine, quando se refere a casas penhoradas, nem sempre foi assim.

«Há algum tempo atrás, o Norte era claramente a zona do País com mais casas penhoradas para venda. Na zona de Lisboa era e continua a ser a Moita», explica.

Penhoras afectam também construtores

«Até casos de construtores penhorados já tivemos. Há algum tempo atrás, ficámos com empreendimento inteiro de casas de luxo acabadas de construir, na zona de Lisboa, para vender. Foram as casas todas em menos de quatro meses», diz. Neste caso, o construtor é que tinha deixado de pagar o crédito ao banco e, em vez de vender as casas, acabou por ser Sandra Simões a fazer o negócio.

«O que nos permite ter preços tão atractivos, tão abaixo do valor real dos imóveis, é que os bancos já receberam uma parte do dinheiro emprestado, e pedem só a parte que falta cobrar, para não perderem dinheiro», explica a empresária.

Depois de vários anos no ramo, Sandra Simões tem casos para contar, desde dramáticos a divertidos.