Cavaco Silva tenta evitar vitimização de Santana - TVI

Cavaco Silva tenta evitar vitimização de Santana

Cavaco Silva recusa aparecer em cartaz de campanha

Aníbal Cavaco Silva vai manter silêncio até dia 20, data das eleições, mas ontem mostrou-se incomodado com a notícia do Público que tinha por título «Cavaco aposta em maioria absoluta de Sócrates».

O ex-primeiro-ministro não gostou que fosse recordado, nesta altura, que defende que o melhor para o país são executivos de maioria absoluta e que prevê que o PS possa vir a conseguir governar nessas condições. Não gostou também da leitura de que esse cenário será o mais favorável à sua candidatura presidencial, além do facto de o termo «aposta», que era usado no sentido de previsão, estar a ser interpretado como um apoio ao líder socialista.

O ex-líder do PSD considerou que a notícia podia servir para Santana se vitimizar e preocupou-se em que as rádios e a agência noticiosa passassem o «desmentido» antes do que estava anunciado como sendo a «comunicação do primeiro-ministro», marcada para as 15 horas.

Como reconheceu ao Público um colaborador do ex-primeiro-ministro aquilo é o que Cavaco pensa, mas não pode dizer porque o PSD não entenderia a sua posição. «Ele não é o Freitas», diz o mesmo colaborador, salientando que Cavaco tem as suas convicções, ou seja, que não muda de partido.

Quanto à actual campanha, Cavaco tem mantido o silêncio e «quer continuar a mantê-lo», afirma o mesmo colaborador do antigo primeiro-ministro e eventual candidato às presidenciais de Janeiro de 2006.

«Mundo confuso», diz Santana

«Já temos Freitas do Amaral que chegue!». Foi assim que o líder do PSD e primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, comentou a notícia de ontem do diário de que Aníbal Cavaco Silva acredita na maioria absoluta do PS.

Em declarações aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, Santana lembrou o fundador do CDS, que apelou ao voto no PS nesta campanha eleitoral, para responder a Cavaco: «Quando li a notícia pensei que o nome estava trocado!". «O mundo hoje em dia está confuso e agitado», afirmou Santana Lopes, confessando: «Não vou dizer que não acreditei.»

O presidente do PSD, que não tem boas relações com Cavaco, disse ter ficado «contente» com o facto de «uma fonte próxima» do ex-primeiro-ministro ter dito à Lusa que Cavaco Silva «desmente tudo o que lhe é atribuído na notícia» e lamentou que o ex-primeiro-ministro não queira ajudar o PSD na campanha: «Gosto de contar com o que é possível.»

A notícia de ontem deixou em estado de choque vários dirigentes e candidatos a deputados, que acham que Cavaco está a prejudicar o PSD e consideram isso «inadmissível». Desde a manhã que ansiavam que o ex-primeiro-ministro fizesse alguma coisa para minorar os estragos daquela notícia.

O PSD está zangado com o ex-líder desde que escreveu no "Expresso" a criticar os dirigentes partidários. Depois recusou aparecer em cartazes ao lado de Santana. Este é, agora, mais um episódio para perturbar as relações, já difíceis, entre o partido e o antigo «timoneiro».

Questionado ontem sobre se Cavaco continua a ser o seu candidato presidencial, Santana evitou responder.
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