Começou a «guerra» pelo controlo da EDP - TVI

Começou a «guerra» pelo controlo da EDP

António Mexia

A entrada do Banco Espírito Santo (BES) no capital da EDP promete gerar uma guerra pelo controlo da energética. BCP e BES são rivais no sector da banca e a Cajastur já se manifestou contra o modelo de corporate governance delineado para a empresa. Isto para não esquecer a Iberdrola, que quer vender a posição que tem na empresa, mas que ainda tem uma percentagem importante do capital. Para já, os especialistas de mercado recomendam cautela.

Relacionados
Contactado pela «Agência Financeira», Hugo Martins, analista da Probolsa, afirma que «começa a ser evidente que vai haver uma guerra de controlo na EDP. Esta posição adquirida (pelo BES) tem mais que um cariz estratégico. É uma posição para negociar uma eventual subida de acção, provocada por essa guerra de accionistas». E acrescenta que se nota «nitidamente que a Iberdrola quer entrar. Tem cerca de 6%, e deve querer chegar aos 10%, que já permitem ter outro tipo de actuação dentro da eléctrica».

Quanto aos grupos portugueses, o analista considera ser difícil que algum venda. Desta forma, Hugo Martins diz que a Iberdrola terá que comprar em bolsa e que «adquirir 4% em bolsa são muitas acções, que farão, sem dúvida, subir o preço».

Em relação à estratégia do BES, os analistas concordam, que lhes parece ser um facto, já anunciado pelo próprio BES, de que a eléctrica tem um papel estratégico importante na reestruturação do sector energético, na Península Ibérica e foi por isso que decidiram fazer tal compra. O analista da Probolsa confirma, «será uma questão de realizar mais valias e não de uma eventual participação estratégica e de poder de decisão na administração da empresa», agora liderada por António Mexia. Ainda outro analista consultado, que não quis ser identificado, adianta que a EDP também tem um perfil territorial localizado, onde o BES também está presente. «A posteriori, percebo as razões evocadas pelo banco de Ricardo Salgado», justificou.

Já no que toca a números, Tiago Dinis, do BPI Investimento, afirma que «não é um investimento particularmente significativo (para o BES)» e que, de acordo com os seus cálculos, esta aquisição deve consumir 3 pontos base (p.b.) no capital do banco ».

Quanto aos benefícios da EDP com esta situação de disputa, «como empresa, uma guerra accionista, a curto prazo, não é positiva, já em relação à cotação é bastante positiva, porque se os accionistas quiserem ter posições maiores terão que comprar acções e estas sobem», considera o BPI.

Sobre a possível maior participação da Iberdrola na eléctrica portuguesa, os analistas mantêm-se, ainda, na expectativa. «Está tudo à espera para ver onde isto vai parar».



O analista anónimo referiu ainda a Cajastur. «A caixa espanhola também terá um papel a dizer em todo este processo. Tem uma posição de peso e foi o primeiro a contestar o modelo de corporate governance proposto pelo BCP. Agora, é ver se estão compradores ou vendedores». Em todo o caso, referiu o mesmo, «interessados não faltam. Agora é ver o que a administração da Iberdrola pretende, porque talvez seja a empresa com mais interesse na EDP».
Continue a ler esta notícia

Relacionados