Crise económica leva bancos a dificultar créditos à habitação

Segundo o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, do Banco de Portugal, os critérios não registaram ainda grandes alterações no último trimestre de 2005, mas, e apesar da concorrência elevada entre as instituições bancárias, são cada vez mais os factores que estimulam o dificultar dos créditos.

Nomeadamente nos empréstimos para compra de habitação, os bancos dizem ter registado alterações nas condições específicas de aprovação, como a imposição de spreads mais elevados para empréstimos de maior risco e, em sentido contrário (de menor restritividade), o alongamento de maturidades.

Novos produtos adaptados às necessidades dos clientes

Um dos cinco grupos bancários participantes no inquérito reportou um aumento ligeiro da procura de crédito para aquisição de habitação que lhe foi dirigida, enquanto um outro reportou mesmo um aumento considerável. De acordo com um dos bancos inquiridos, o aumento da procura de crédito para aquisição de habitação terá reflectido uma melhoria nas expectativas para o mercado de habitação e uma redução da poupança dos particulares.

No mesmo sentido, foi reportado o lançamento de novas soluções de crédito habitação ajustadas às necessidades/expectativas dos clientes, por outro dos bancos inquiridos. A redução da confiança dos consumidores foi referida por um dos bancos enquanto factor potencial para a diminuição da procura.

Para o primeiro trimestre de 2006, apenas um dos cinco grupos bancários antecipa a adopção de critérios mais restritivos na concessão de crédito para aquisição de habitação e, relativamente às expectativas para a evolução da procura, o mesmo grupo bancário prevê um ligeiro aumento.

Consumo e outros fins

No que se refere ao crédito para consumo e outros fins, duas das instituições bancárias inquiridas reportaram a percepção de uma menor capacidade dos consumidores para assegurarem o serviço de dívida, enquanto uma delas indicou adicionalmente uma avaliação menos favorável da actividade económica em geral, o que incentiva também os bancos a dificultarem a concessão de créditos.

De acordo com as respostas obtidas, ter-se-á verificado um aumento dos spreads aplicados a empréstimos de risco maior e uma maior exigência de garantias.

A deterioração da confiança dos consumidores foi referida enquanto factor indutor de uma diminuição da procura, mas o menor recurso à poupança por parte dos particulares contrariou essa tendência.

Para o primeiro trimestre de 2006, apenas um dos cinco grupos bancários antecipa a adopção de critérios mais restritivos na concessão de crédito para consumo e outros fins. Para o mesmo período, não se prevêem alterações significativas na procura.