Economistas: crescimento do PIB é apoiado no défice - TVI

Economistas: crescimento do PIB é apoiado no défice

Economia vai crescer

Gastos do Estado é que estão a suportar a melhoria

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Os economistas não se mostram muito entusiasmados com o crescimento de 0,9% registado pela economia portuguesa no terceiro trimestre deste ano, face ao segundo. E alertam que essa melhoria está a ser sustentada pelo Estado, e pelo aumento do défice orçamental.

«Muito desta evolução é feita à custa do Estado, porque é o Estado que está a sobrecarregar o défice público e a explodir os limites da dívida emitida», disse João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) à Lusa.

Para João Duque, Portugal «está a chegar ao limite máximo do endividamento público, por isso estamos a crescer à custa de nos endividarmos».

Quanto a previsões para o resto do ano, a menos que haja uma «surpresa muito negativa no quarto trimestre», Portugal deverá chegar ao final do ano com uma quebra de 3%, uma previsão melhor que a do Executivo. «Para os resultados ficarem nos 3%, basta que a queda do PIB seja igual à do quarto trimestre do ano passado, o que até é melhor que a previsão do Governo».

Quando passar a crise internacional, fica a crise estrutural interna

Para o economista, os valores do endividamento são uma «enorme preocupação». E avisa que, «depois de passada a crise internacional, Portugal vai ficar com a crise estrutural interna».

Opinião semelhante tem o antigo ministro das Finanças de José Sócrates, Campos e Cunha. Em declarações à Lusa, admitiu que os dados do 3º trimestre «são boas notícias», mas «é preciso cautela».

Já para o economista César das Neves, «os números confirmam que estamos numa recuperação, reforçando a tendência do segundo trimestre. Não são números fabulosos, mas são favoráveis».

Recuperação lenta

Os números divulgados esta sexta-feira «demonstram que já passou o pior para as grandes economias e também a nossa. A recuperação não vai ser brilhante, mas sim lenta», afirmou.

Para Filipe Garcia, economista do IMF, o crescimento da economia nacional no terceiro trimestre foi «acima do esperado, positivo, mesmo no contexto da zona euro».

«A surpresa poderá ter vindo do investimento, que deverá ter caído menos do que o esperado. No entanto, pode também tratar-se de um aumento de stocks», afirma.



Filipe Garcia acredita que «o défice da balança comercial terá diminuído, mais pela diminuição do ritmo das importações do que pelo dinamismo exportador» e avisa que, como mostram «os últimos indicadores disponíveis ao nível das vendas a retalho, não é o consumidor que está a suportar esta retoma».
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