Mais de 3.700 empresas recorrem a seguros de crédito - TVI

Mais de 3.700 empresas recorrem a seguros de crédito

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Crise fez disparar «calotes» entre empresas

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Mais de 3.700 empresas recorrem actualmente a seguros de crédito. No final do ano passado, este número representava um crescimento de 5,7% face ao final de 2007.

O produto é indicado para as empresas que vendem a crédito a outras empresas e que querem a garantia de que, caso essas empresas clientes deixem de lhes pagar, receberão na mesma o seu dinheiro. Os seguros de crédito cobrem precisamente o risco de as empresas deixarem de pagar às suas fornecedoras.

Indirectamente, estes seguros chegam a 250 mil empresas, das quais 90% têm pequena ou média dimensão (PME), já que as empresas clientes das seguradas, também são afectadas, explicou a Associação Portuguesa de Seguradoras (APS), em conferência de imprensa.

De acordo com o director-geral adjunto da APS, Miguel Guimarães, estima-se que, num universo de 300 mil PME, 75% saiam beneficiadas.

As vendas anuais dos contratos de seguro de crédito no final de 2008 ascendiam a 33 mil milhões de euros, mais 25% que em 2007, e representando cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Do total, oito mil milhões correspondem a vendas para o exterior, o que significa que 21% das exportações nacionais estão protegidas.

Os últimos dados disponíveis, relativos a Outubro passado, revelam que as garantias ascendiam a 25 mil milhões de euros, o que equivale a 25% do crédito entre empresas.

Custos com sinistros anulam ganhos com prémios

Em Portugal existem cinco seguradoras especializadas neste segmento (Cesce, Coface, Cosec, Credito Y Caución e Mapfre), cuja receita com prémios de seguros de crédito ascendem a 70 milhões de euros, após um crescimento de 14,5% no ano passado. «Uma realidade que espelha a evolução económica e o agravamento do risco médio das empresas», disse.

No ano passado, os custos com sinistros, suportados pelas seguradoras ultrapassou o valor dos prémios (foi de 102%), o que já não acontecia desde 2002, aquando da última crise. Apesar disso, as seguradoras não deverão fazer reflectir de forma directa e imediata essa realidade nos prémios de seguros, segundo adiantou Miguel Caeiro, Director da Cesce em Portugal.

Para 2009, a associação das seguradoras não prevê uma melhoria, já que o sector funciona «como uma espécie de barómetro da evolução económica, com uma antecipação de cerca de um ano».

Estado pode solucionar problema se pagar a tempo e horas

Os seguros de crédito apenas cobrem as vendas a empresas, não cobrindo nem as vendas ao Estado, nem as vendas a particulares.

Mas a APS considera que, se o Estado acelerar os seus pagamentos às empresas a quem deve, grande parte dos problemas podem ser solucionados.

«Se receberem o dinheiro que o Estado lhes deve, as empresas podem pagar as suas dívidas, resolver-se-á grande parte dos atrasos de pagamentos e contraria-se também as restrições ao crédito», disse.

Garantias estatais

Os seguros de crédito têm agora novas garantias estatais, uma medida aprovada pelo Governo no pacote anti-crise. O apoio aos mecanismos de seguro de crédito à exportação ascendem a 4 mil milhões de euros, metade destinado a exportações para os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a outra metade a exportações para países fora da OCDE.

As exportações portuguesas têm como destinos sobretudo países da União Europeia (nomeadamente Espanha) e, fora da OCDE, Angola. Tendo em conta o momento actual de crise, as seguradoras dizem-se «preocupadas» com a situação de alguns países europeus, e admitem que os riscos de sinistralidade (atraso de pagamentos e insolvência) em Espanha vão aumentar, embora lembrem que o grosso da sinistralidade registada se situa a nível interno.
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