Milhares de palestinianos no enterro de Arafat - TVI

Milhares de palestinianos no enterro de Arafat

Corpo de Arafat segue para Ramallah

Dezenas de milhares de palestinianos acompanharam sexta-feira o enterro de Yasser Arafat na Mukata, em Ramallah, que decorreu num cenário caótico, com a multidão a precipitar-se sobre a urna para lhe tocar, tiros para o ar e gritos de glorificação do líder morto.

O caixão do líder histórico dos palestinianos, transportado de avião e de helicóptero para Ramallah depois do funeral desta manhã no Cairo, aterrou no complexo da Mukata, o quartel-general da Autoridade Palestiniana, às 14:16 locais (12:16 em Lisboa).

Milhares de pessoas que desde há horas convergiam para a Mukata precipitaram-se sobre o helicóptero, apesar dos disparos para o ar das centenas de elementos das forças de segurança palestinianas que tentavam desesperadamente afastar a multidão.

Só ao fim de 25 minutos o caixão pôde ser retirado, em ombros, e colocado sobre numa carreta.

Nos cerca de 30 minutos que se seguiram, o caixão, envolto numa bandeira palestiniana que acabou por desaparecer na confusão, avançou lentamente por entre uma multidão que se precipitava para o tocar.

Ao longo de todo o percurso, ouviram-se disparos para o ar, que terão provocado ferimentos em pelo menos três pessoas, uma delas um militar palestiniano, transportadas em ambulâncias que tiveram enormes dificuldades em sair do complexo.

Várias pessoas chegaram a subir para o caixão, incluindo presumíveis membros do movimento Fatah, criado por Arafat, envergando roupas negras e o tradicional lenço palestiniano, o «keffieh», atado na cabeça.

Elementos das forças de segurança tentaram afastá-los e acabaram por subir, eles mesmos, para o caixão.

O programa anunciado quinta-feira pelos palestinianos previa que a urna fosse colocada, aberta, na sala da Mukata onde Arafat se reunia habitualmente com o seu governo, para que os palestinianos pudessem despedir-se do seu líder.

No entanto, o caixão acabou por não chegar a entrar na sala, onde era aguardado por centenas de dignitários, sendo transportado directamente para a sepultura, um mausoléu em mármore e pedra no exterior do edifício.

O xeque Tayssir al-Tamimi, um alto dignitário islâmico palestiniano que chegou a visitar Arafat no hospital militar Percy, nos arredores de Paris, lançou sobre a urna a terra trazida expressamente da Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, onde Yasser Arafat manifestara o desejo de ser sepultado.

A cerimónia foi acompanhada pela leitura de versículos do Alcorão por vários religiosos muçulmanos.

Quando a urna desceu ao solo, a multidão iniciou uma oração fúnebre, acompanhada por alguns dos novos dirigentes palestinianos, entre os quais o primeiro-ministro, Ahmad Qorei, e o presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Mahmud Abbas.

Apesar de muitos palestinianos terem começado a sair da Mukata depois de o helicóptero aterrar, o complexo continua repleto de gente, mesmo depois do enterro.

Nos próximos três dias, o povo palestiniano poderá visitar o túmulo de Arafat durante três horas no período da manhã e mais três horas à tarde.

Ao princípio da manhã, realizou-se no Cairo o funeral do líder palestiniano, a que assistiram monarcas, chefes de Estados - a maioria de países árabes - e ministros, tendo o governo português sido representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, António Monteiro.

à cerimónia religiosa, oficiada pelo xeque da mesquita de Al- Azhar, Mohammed Sayed, na mesquita de al-Galaa, seguiu-se um desfile militar, a que assistiu cerca de um milhar de pessoas, todas de representações oficiais, dado que a entrada do público foi interdita por razões de segurança.

Durante o desfile, num percurso de 200 metros até ao heliporto da base aérea Al-Maza, foram tocados hinos militares.
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