Mudar de banco: as dificuldades que os portugueses enfrentam - TVI

Mudar de banco: as dificuldades que os portugueses enfrentam

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Instituições dificultam a vida a quem quer trocar para a concorrência

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Se está a pensar em mudar de banco, prepare-se para as dificuldades. É que elas existem e não são poucas. Por isso mesmo, Portugal é um dos países da Europa onde as pessoas menos trocam de banco e onde mais tempo permanecem com a mesma instituição.

Um estudo conjunto do Banco de Portugal (BdP) e da Autoridade da Concorrência (AdC), que incide no período de 2003 a 2007 conclui que «o sector da banca a retalho apresenta diversas barreiras à mobilidade, resultantes dos custos de pesquisa e dos custos de mudança».

Quando tentam mudar de banco, os portugueses enfrentam dificuldades de pesquisa e comparação das ofertas disponíveis no mercado, muita burocracia para encerrar a relação com o banco, e comissões de encerramento, previstas para vários produtos bancários.

No que diz respeito aos custos contratuais e burocráticos, o crédito ao consumo e o crédito à habitação são, naturalmente, os produtos de clientes particulares para os quais estes custos são mais significativos em Portugal. No período da análise, estes eram os produtos cujo encerramento exige comissões de maior valor, sendo também os mais morosos em termos do processo de abertura e de encerramento.

Boa relação com banco e gestor de conta travam mudanças

A estes factores, somam-se outros, de uma natureza um pouco diferente, mas que também acabam por funcionar como âncora, impedindo muitas vezes o cliente de se decidir pela mudança. Factores como o envolvimento gerado entre o cliente e o banco, a importância do relacionamento com o gestor de conta ou a dificuldade em «transportar» a sua credibilidade para um novo banco.

«A mobilidade dos clientes bancários é inferior à média europeia, tanto no caso dos clientes particulares, como no caso das pequenas e médias empresas (PME). Em relação ao crédito à habitação, a mobilidade registada no nosso país é mais baixa, tendo, todavia, duplicado após as alterações legislativas introduzidas em 2007 que impuseram limites às comissões de reembolso antecipado», conclui o estudo.

Como trocam menos de banco, a relação dos clientes portugueses com as instituições bancárias é, em média, mais longa. O problema é que, quanto mais longa é a relação, menos beneficiados são os clientes, por exemplo, no crédito à habitação.

O estudo focou-se ainda nas vendas agregadas (em pacote ou cruzadas) e concluiu que quantos mais produtos o cliente contrata com o banco, menor é a sua mobilidade. Isto permite perceber «a relevância daquela estratégia enquanto elemento de fidelização e, consequentemente, como custo encarado pelos consumidores no momento da mudança de banco».

Informação ao balcão enviesa capacidade de escolha

O BdP e a AdC estudaram também as formas utilizadas pelos bancos para chegar aos clientes, desde a publicidade à prestação de informação. Para a prestação de informação é dada preferência a uma relação presencial, o que se reflecte num número muito elevado de clientes angariados através da rede de sucursais.

Mas, para os promotores do estudo, a utilização destas vias «condiciona a capacidade dos consumidores para tomar uma decisão esclarecida no que concerne aos seus produtos bancários. Se a informação disponível aos consumidores for substancialmente completa, então os clientes bancários podem conhecer devidamente as consequências das suas decisões financeiras, podendo efectuar uma análise tão objectiva quanto possível do seu perfil de risco e das suas capacidades financeiras».
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