Pacheco Pereira alerta para conflitos entre Sócrates e Cavaco

«Alguma potencialidade de conflito existe, mas penso que genuinamente os dois desejam entender-se», disse Pacheco Pereira, na apresentação do seu livro «Quod Erat Demonstradum - Diário das Presidenciais», hoje, em Lisboa.

Apontando as nomeações políticas e os interesses públicos e privados como duas das áreas onde poderá vir a existir alguma conflitualidade entre José Sócrates e Cavaco Silva, Pacheco Pereira afirmou, contudo, acreditar que «os dois lados farão um esforço por se entenderem».

«É inevitável que existam alguns conflitos», até porque a em alguns pontos da Constituição «não são claras as fronteiras e limites» do poder do Governo e do chefe de Estado, acrescentou.

Ainda sobre Cavaco Silva, e em resposta a uma pergunta da assistência sobre se Cavaco Silva teria ganho as eleições caso «mostrasse a arrogância que demonstrou"» nos seus mandatos enquanto primeiro-ministro, Pacheco Pereira tentou desmontar a ideia do Presidente da República eleito ser uma pessoa arrogante.

«Nunca achei que a palavra arrogância fosse a indicada para o caracterizar. Ele é uma pessoa tímida, mas não tem rasgos de superioridade», sublinhou Pacheco Pereira, considerando que a «rigidez» de Cavaco Silva é derivada do seu feitio e uma forma de «o proteger das influências e das pressões».

«Mas nunca lhe vi um traço de arrogância. Tem é uma certa dificuldade de trato característica das pessoas tímidas», acrescentou Pacheco, que foi vice-presidente da bancada parlamentar do PSD quando Cavaco era primeiro-ministro.