Preço do petróleo desceu 23 vezes em 2004 mas gasóleo só baixou 13 - TVI

Preço do petróleo desceu 23 vezes em 2004 mas gasóleo só baixou 13

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O preço do gasóleo só desceu 13 vezes em 2004, apesar de os valores semanais do crude terem caído por 23 vezes.

Uma «disparidade brutal» que leva o presidente da Associação dos Revendedores de Combustíveis (Anarec) a dizer que «há algo errado no mercado nacional».

Em declarações à Agência Financeira, António Saleiro acusa a Autoridade da Concorrência (AC) de não estar a dizer toda a verdade no estudo que apresentou quarta-feira, sobre o mercado dos combustíveis em Portugal durante o ano de 2004.

E explica que «as diferenças estão patentes se virmos que os valores semanais do crude registaram 23 descidas e 28 subidas no ano passado, e que o preço do gasóleo desceu apenas 13 vezes e subiu 35». No caso da gasolina sem chumbo de 95 octanas, e segundo os cálculos da Anarec, deram-se 18 descidas e 25 subidas. «Há aqui algo de errado, estas disparidades são brutais», enfatiza.

Segundo o responsável, as conclusões do estudo revelam que «os aumentos do preço dos combustíveis em Portugal estão muito acima e muito além do que deviam estar». Algo pelo que a Anarec culpa «o Governo e as petrolíferas. Se o preço do crude só representa 10% do preço final dos combustíveis, como é que o preço do gasóleo subiu 25%?», questiona.

É que «se o crude aumentar 40%, o preço dos combustíveis não pode aumentar outros 40%. Imagine-se que um litro de gasolina custa 1 euro. Um aumento de 40% eleva o preço para 1,40 euros. Mas se o barril de crude só custar 40 cêntimos, os 40% de aumento são apenas 20 cêntimos. E se o custo do petróleo representa apenas 10% do preço final do combustível, vemos que a diferença ainda é maior. O aumento do crude é sobre um valor muito mais baixo que o dos combustíveis», refere. E acrescenta que «nisto tudo ainda não está descontado outro factor que é a desvalorização do dólar, que é a moeda usada para comprar o petróleo. Só este factor tornou o crude 8% mais barato para os países que usam euros.

E António Saleiro deixa um desafio à Autoridade da Concorrência: «se diz que os postos independentes praticam preços mais elevados, deixo um convite à AC, para que me apresente um posto independente em que isso aconteça».
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