PS defende eleições legislativas antecipadas - TVI

PS defende eleições legislativas antecipadas

Partido Socialista

Os deputados socialistas Manuel Alegre e João Cravinho sugeriram hoje a realização de eleições antecipadas, considerando que a democracia precisa de ser recredibilizada e que o Presidente da República tem "soluções conhecidas" para atingir esse fim.

Em declarações à agência Lusa, João Cravinho e Manuel Alegre, ambos membros do Conselho de Estado, não defenderam abertamente a convocação de eleições antecipadas.

No entanto, deixaram o recado ao chefe de Estado que os contornos da demissão, no domingo, do ministro do Desporto, da Juventude e da Reabilitação, Henrique Chaves, deixaram o país «perplexo» e que a estabilidade - um dos pressupostos para o Presidente da República para nomear em Julho Pedro Santana Lopes primeiro-ministro - já não se verifica.

«Todas as semanas, o país é confrontado com episódios que denunciam instabilidade no Governo e falta de orientação política. As soluções contra isto são conhecidas», declarou João Cravinho, membro do Conselho de Estado por indicação do Presidente da República, Jorge Sampaio.

Interrogado se aconselha Jorge Sampaio a dissolver o Parlamento e a convocar eleições antecipadas, o ex-ministro socialista respondeu de forma indirecta: «O país está chocado e perplexo com o que está a acontecer».

«É uma evidência que o Governo está em auto-desagregação. Não me vou substituir ao Presidente da República, mas tenho confiança na sua ponderação sobre a situação do país», afirmou, por sua vez, Manuel Alegre.

Na próxima reunião do Conselho de Estado, Manuel Alegre substituirá o ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues, que se demitiu da liderança das socialistas e das suas funções naquele órgão em Julho, por discordar da decisão de Jorge Sampaio nomear Pedro Santana Lopes primeiro-ministro.

«Para parafrasear Eça de Queiroz, digo que este Governo está a aluir. É preciso recredibilizar a democracia e as instituições nacionais», defendeu Manuel Alegre.

O vice-presidente da Assembleia da República, que foi derrotado por José Sócrates na corrida à liderança dos socialistas, sugeriu que «o PS é uma alternativa» de Governo.

Manuel Alegre deixou ainda um recado à actual direcção do PS, dizendo que «o partido tem de estar preparado para todas as eventualidades».

Domingo, na reacção à demissão do Governo do ministro Henrique Chaves, José Sócrates considerou que o executivo de coligação PSD/CDS- PP «está a cair aos pedaços», enquanto o porta-voz da direcção do partido, Pedro Silva Pereira, referiu que a equipa liderada por Santana Lopes «está a desmoronar-se».

No entanto, ao contrário do que defenderem o PCP e o Bloco de Esquerda, os dois dirigentes máximos do PS não defenderam a demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas.

Membros da direcção socialista referiram que a posição mais recuada do PS não se explica por uma lógica de tacticismo político, ou por a direcção de José Sócrates não estar ainda preparada para exercer funções num executivo.

Dois membros do Secretariado Nacional do PS defenderam que o PS «tem de respeitar a separação de poderes face ao Presidente da República» e «não pode tornar-se num partido reivindicativo» junto do Chefe de Estado, quando há uma maioria absoluta PSD/CDS-PP na Assembleia da República.

Os mesmos dirigentes socialistas alertaram ainda para os «riscos» de o primeiro-ministro se «vitimizar» num cenário em que o Presidente convoque eleições antecipadas «sem uma causa forte e após pedido do PS nesse sentido».

«O PSD e Pedro Santana Lopes passariam a campanha a dizer que o Presidente da República, que é socialista, cedeu às pressões do seu PS», acrescentou um dos deputados do chamado «núcleo duro» de José Sócrates.

Entre os membros do Secretariado Nacional do PS, admite-se que o fim do XVI Governo Constitucional possa estar próximo, mas o cepticismo prevalece na questão se esse fim poderá ocorrer quarta-feira, depois da reunião do Presidente da República com o primeiro-ministro.

«O Governo pode salvar-se agora por o OE para 2005 ainda não ter sido aprovado na AR e de a sua queda imediata implicar a necessidade de o pais viver sem orçamento nos próximos meses, num momento em que a situação económica é difícil», observou um dos mais influentes dirigentes do PS.
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