Sampaio propõe obrigações europeias para financiar economia - TVI

Sampaio propõe obrigações europeias para financiar economia

Sampaio é Comissário da ONU contra a Tuberculose

Todos se voltam para o Estado e tudo se pede ao Estado nesta altura de crise

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O ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu esta segunda-feira a emissão de obrigações europeias para reforçar as políticas sociais e de combate à crise.

Num almoço promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, o agora Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, admitiu a existência de «algumas reticências e muitas hesitações em relação a esta solução» e disse temer que as mesmas só sejam ultrapassadas quando tarde demais.

«Permitam-me um desabafo, mas onde está a Europa política, onde está a Europa social agora que tanto os Estados precisam dela?», questionou.

Para Sampaio, o quadro geral da política social europeia «está hoje manifestamente desactualizado», não só devido ao alargamento que a União Sofreu desde que o mesmo foi criado, mas também devido à evolução internacional entretanto registada.

Europa está a travar estímulos nacionais e a desculpabilizar Governos

O ex-Presidente apontou que, apesar das inegáveis vantagens do euro, «a unificação monetária ocorreu em circunstâncias tais que criou um círculo vicioso para as políticas sociais». A isto, soma-se «uma escassíssima margem de manobra no plano nacional para qualquer desenvolvimento das políticas sociais com custos orçamentais relevantes». Uma situação que, diz, «cria as condições para desenvolver o jogo da desculpabilização nacional em nome da Europa».

Sampaio falou ainda da origem da crise e do que falhou. «Sem dúvida, a regulação. O dinheiro, ou seja, o sistema financeiro, não se auto-regula, tem de ser regulado».

O responsável falou ainda do regresso do Estado, «a que todos agora se acostam. O Estado regressa agora para fazer tudo, pois é isso que lhe pedem: (...) que salvaguarde a transparência, que promova a inovação, que salve o sistema financeiro, que faça sobreviver todas as empresas, que assegure todos os empregos e que crie outros, de preferência todos os dias e, sobretudo, muitos».

Esta pode ser a pior crise social deste os terríveis anos 30

Jorge Sampaio pediu calma e que se evitem protagonismos fáceis nesta altura de crise, em que «o mundo está às avessas» e em que a crise financeira ameaça tornar-se numa «crise económica e social que a humanidade não conhece desde os terríveis anos 30».

Aos empresários, Jorge Sampaio lançou dois desafios: o primeiro, que assumam o seu papel e a sua parte da responsabilidade nesta crise, como todos devem fazer; o segundo, que «exijam ao Estado que incentive com critério e que não deixe que os salvados do costume sejam sempre os mesmos à custa do interesse geral» e que «exijam da União Europeia que tome as medidas necessárias».
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