Após o almoço de despedida, no Palácio de Belém, Pedro Santana Lopes quis deixar claro que, apesar das divergências políticas do passado, a sua relação pessoal de «há muitos anos» com Jorge Sampaio permanece «intocável e inatacável.»
«O meu lema é sempre 'sem rancores' e não guardo rancores nenhuns porque acho que eles não são devidos», acentuou o primeiro-ministro cessante, afirmando que procura sempre «não ser rancoroso.»
Depois de sublinhar o «modo exemplar» como decorreu a relação institucional com Sampaio, Santana Lopes admitiu que o Presidente da República fez uma leitura correcta da situação política quando decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas.
«É isso que revela o resultado das eleiçõesÓ Com certeza que o povo disse que o sr. Presidente tinha decidido bem», reconheceu o chefe do Governo cessante, embora recordando que em democracia as maiorias têm legitimidade, mas nem sempre razão.
«O povo não decide bem só quando nos dá razão a nós», acrescentou.
Após a refeição, Jorge Sampaio fez questão de acompanhar Santana Lopes à sala das bicas do Palácio de Belém para se despedir, naquele que deverá ser o último encontro institucional entre ambos.
O primeiro-ministro cessante escusou-se a revelar pormenores sobre o futuro político, designadamente se retoma o cargo de presidente da Câmara de Lisboa, concentrando todas as declarações nos elogios ao Presidente da República.
«Aprendi com os meus pais que para as decisões importantes deve dar-se pelo menos 24 horasÓ Já tomei a decisão de convocar um congresso do PSD, já tomei a decisão de não me recandidatar, são muitas decisões para tão pouco tempo», afirmou.
Santana Lopes fez «um balanço muito positivo» dos sete meses de relação institucional com Jorge Sampaio, chegando a recordar que já o seu antecessor, Durão Barroso, lhe tinha dito «o quão gratificante é trabalhar com este Presidente.»
«Quero apenas dar público testemunho do modo exemplar como decorreu o trabalho institucional», concluiu o primeiro-ministro cessante, que esteve no Palácio de Belém acompanhado pela sua chefe de gabinete, Ana Costa Almeida.
à semelhança do que fez com os ex-primeiros- ministros António Guterres e Durão Barroso, o Presidente da República assinalou também a despedida de Santana Lopes com um almoço no Palácio de Belém.
Na quinta-feira, Jorge Sampaio convidou formalmente o secretário-geral do PS, José Sócrates, a formar governo, na sequência da vitória dos socialistas nas eleições legislativas de domingo.
Santana Lopes despede-se «sem rancores»
- Redação
- Lusa/AM
- 25 fev 2005, 16:09
O primeiro-ministro cessante despediu-se hoje do Presidente da República «sem rancores» e com a convicção de que Jorge Sampaio fez a leitura certa da vontade popular quando decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições.
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