Situações graves de exclusão e pobreza ameaçam 68 concelhos - TVI

Situações graves de exclusão e pobreza ameaçam 68 concelhos

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Vinhais, distrito de Bragança, tem quase dois pensionistas por cada pessoa que trabalha. Em Penedono, nordeste de Viseu, o valor médio das pensões de velhice, invalidez e sobrevivência é o mais baixo do país: 163 euros por mês. A taxa de desemprego em Almodôvar, Baixo Alentejo, é de mais de 20%.

Qualquer um destes concelhos bate recordes em diferentes indicadores. E faz parte de um dos grupos mais desfavorecidos em matéria de pobreza e exclusão social, onde se incluem 68 concelhos, refere o diário Público. Vivem um estádio anterior ao da «morte social». O facto de muitos jovens não terem, ainda assim, abandonado estas zonas pode ser um sinal de esperança. Mas só se forem tomadas medidas.



Um estudo encomendado pelo Ministério da Segurança Social, da Família e da Criança procura caracterizar as situações de exclusão social em Portugal continental e perceber como é que esta se manifesta, nomeadamente em zonas urbanas e rurais.



Chama-se «Tipificação das situações de exclusão em Portugal continental». A partir de uma série de indicadores, traça um mapa do país onde se distinguem seis grupos de concelhos que apresentam diferentes situações-tipo de inclusão/exclusão social. É esta sexta-feira divulgado no site da Segurança Social (www.seg-social.pt) na Internet.

O «tipo 1» apresenta os melhores níveis de inclusão (por exemplo, baixas taxas de desemprego) e o "tipo 6" de positivo pouco mais tem do que uma taxa de criminalidade pequena. Quase um quarto dos concelhos do país está, precisamente, nesta última categoria (Vinhais ou Almodôvar são apenas dois deles) e situam-se sobretudo nas regiões de Trás-os-Montes, Dão-Lafões e Baixo Alentejo.

Na sua maioria, ostentam características muito rurais, como défice de infra-estruturas e um peso ainda relevante do trabalho agrícola. E são marcados por «situações graves» do ponto de vista das qualificações escolares (a taxa de analfabetismo nos 68 concelhos é de 17,26%) e pela mais alta taxa de desemprego (em 26 concelhos é superior a 10%), aponta ainda o diário.

Têm ainda os piores valores de IRS per capita - por exemplo, os habitantes de Ribeira de Pena ou Boticas (distrito de Vila Real) pagam, em média, menos de 150 euros por ano de IRS, o que reforça a ideia de privação económica nesta zona do mapa.

Dizem os autores do documento, ainda em fase de finalização, que este território, habitado por 7,8% da população portuguesa, está deprimido, empobrecido e desqualificado.

Contudo, apesar dos «problemas que atingem proporções preocupantes, que afectam não só as gerações adultas mas as próximas gerações», não é ainda um território «desertado». O processo de abandono destas zonas, por parte dos mais jovens, fez-se sentir com menor intensidade do que noutros locais e ali vivem muitas «pessoas que, mesmo desempregadas, esperam por uma oportunidade».

Por isso, «cumpre aos decisores políticos estar atentos, porque este pode não ser senão o estádio anterior ao da desertificação e morte social destes territórios», lê-se.

O chamado «tipo 1» e o «tipo 6» agregam respectivamente 30,2 e 24,5% dos 278 concelhos do continente. O peso da população residente num e noutro é, no entanto, bem diferente.
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