UGT considera aumento do salário mínimo insuficiente - TVI

UGT considera aumento do salário mínimo insuficiente

JOÃO PROENÇA

A UGT considera que o aumento de 3% no salário mínimo nacional (SMN) é «claramente insuficiente». O secretário-geral da central sindical lembra que nos últimos anos os trabalhadores que auferem este valor têm perdido poder de compra e alerta que em 2005 e 2006 isso deverá voltar a suceder.

Para João Proença, «as condicionantes que levaram a este valor são sobretudo de ordem económica e orçamental e foi subvalorizada a dimensão social. Mesmo em termos económicos, parece-nos que era possível ir mais longe».

«Parece-nos fundamental que, relativamente ao futuro, se discuta a separação entre as pensões e o SMN, cada um deve ser discutido per si, e por outro lado, que o Governo fixe um programa de médio prazo de aumento do SMN, nomeadamente no quadro da legislatura», disse ainda, à saída da reunião de concertação social.

Sobre a proposta da UGT de fixar um objectivo de aumento do SMN a médio prazo (até 520 euros em 2010), «o primeiro-ministro disse que neste momento o crescimento económico está a ser revisto muito frequentemente e há grandes dúvidas quanto ao crescimento económico de curto prazo, pelo que é difícil fazer previsões a quatro anos». Mas a central considera «que é possível e que o Governo, no quadro dos planos comunitários que apresenta tem de ter previsões de médio prazo. É no quadro dessas previsões e no quadro do objectivo que o Governo fixou de, daqui a três anos, ter um crescimento de 3%, que é possível fixar para o SMN um objectivo de médio prazo. É uma questão que continua em aberto, para nós».

João Proença lembrou que há três anos «o Governo aumentou o SMN ao nível da inflação, 2%. No fim do ano, a inflação foi de 2,8%, e os trabalhadores do SMN perderam (poder de compra), e muito. No ano passado e neste ano, o Governo aumentou o SMN 0,5% acima da inflação, mas foi um falso aumento, porque na prática a inflação ficou nos 2,5% e, portanto, não houve ganho nem perda nestes anos». Uma evolução que não satisfaz a UGT, até porque «o objectivo central é que o salário mínimo cresça claramente acima da inflação e ao nível do salário médio. O SMN tem perdido poder de compra e tem crescido abaixo do salário médio. E estamos a afastar-nos do objectivo fixado a nível europeu, que é de o salário mínimo pender para 60% do salário médio».

Contas feitas, «já vamos no oitavo ano consecutivo em que tem havido previsões erradas do Governo. São demasiadas previsões erradas para dizer que não há aqui intenções por via de previsões abaixo da realidade da inflação se tentar condicionar para baixo a negociação colectiva», acusou.
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