Se é apreciador de um bom vinho, não deixe que a crise lhe roube esse pequeno prazer. Saiba que, hoje em dia, já é possível comprar vinhos de qualidade e a preços acessíveis, por exemplo, no formato «bag-in-box».
O nome pode não lhe dizer nada mas de certeza que já o conhece. O vinho vem numa embalagem de plástico de 3 ou 5 litros, que por sua vez se encontra dentro de uma caixa, e para se servir, dispõe de uma pequena torneira. O formato é cada vez mais usado em restaurantes e por particulares, e apresenta o maior crescimento no mercado nacional dos vinhos: 34% só no ano passado.
Veja a reportagem sobre o bag-in-box
Segundo dados da consultora AC Nielsen, no último ano, um quarto do vinho vendido em Portugal, cerca de 86 milhões de litros, foi bag-in-box. Na SIVAC, empresa de exportação de vinhos que é também a maior embaladora do segmento em Portugal, mais de metade das vendas dizem respeito a este formato.
Portugueses são consumidores emotivos
Ainda assim, Portugal continua muito longe de outros países europeus, como a Suécia, onde mais de metade do vinho vendido, vai dentro de uma caixinha destas.
A explicação, é dada por António Maria Soares Franco, director de Marketing da José Maria da Fonseca (JMF), em declarações à Agência Financeira: «O segmento em Portugal ainda está muito conotado com marcas de menor qualidade. Penso que o consumo de vinho entre nós é ainda uma coisa emotiva, ligada à paixão, damos muito valor ao ritual de abrir garrafa de vinho, da rolha, do rótulo, enquanto que no resto da Europa é mais racional».
A JMF produz o vinho Periquita em formato bag-in-box, mas apenas para exportação. No mercado nacional, tem uma outra marca: o Montado.
Bag-in-box é encarado com preconceito e como substituto do garrafão
No entanto, o sector lamenta que o bag-in-box seja visto como substituto do garrafão, ligado por isso a vinhos de menor qualidade, em vez de servir para impulsionar as vendas de segmentos mais elevados.
«Ao contrário do que esperávamos, o consumo de bag-in-box está a crescer sobretudo nos vinhos de consumo do dia-a-dia, quando a ideia era permitir o acesso a vinhos de melhor qualidade a preços mais baixos», explica António Soares Franco, presidente da Federação dos Vinhos e Espirituosos de Portugal (FEVIN) à AF.
«Este tipo de embalagem é mais barata, mais amiga do ambiente, mais fácil de arrumar e conserva as qualidades do vinho durante três ou até quatro semanas, mesmo depois de aberto», refere.
Para uso corrente ou até mesmo para um jantar entre amigos, esta pode ser a melhor opção para aliar o preço à qualidade. Se quiser, ninguém precisa de ver a embalagem: ponha o vinho num decantador e leve-o para a mesa.
Para confirmar a qualidade destes vinhos, que tinha sido já elogiada pela «Revista de Vinhos», pedimos a Manuel Moreira, um dos melhores escanções de Portugal, para provar algumas marcas e as classificar numa escala de 0 a 20. O resultado foi que dois obtiveram nota 13, outros dois obtiveram nota 13,5 a 14 e mais dois conseguiram 15 valores.
E até o especialista se surpreendeu: «São vinhos correctos, certinhos, uns com mais estrutura e mais personalidade que outros, mas são vinhos bons para aquilo que nós pensamos ser o bag-in-box. Há agradáveis surpresas», garante.
Vinhos de qualidade a preços acessíveis
- Paula Martins
- 8 jun 2009, 06:03
Bag-in-box é um sucesso crescente em Portugal
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