Europa e EUA: respostas diferentes para ultrapassar crise - TVI

Europa e EUA: respostas diferentes para ultrapassar crise

Crise

Intervenção no BCE será menor porque banca sofreu menos

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Os países europeus e os Estados Unidos foram dos mais afectados pela crise económica que, apesar de global, teve consequências distintas nos dois lados do Atlântico.

Os especialistas afirmam que, sendo as necessidades diferentes, as respostas também devem ser diferenciadas.

A rápida aproximação do início dos trabalhos do Grupo dos 20 (G20), que engloba os países mais ricos do mundo e os principais emergentes, e que se iniciará a 2 de Abril, em Londres, já começa a concentrar as atenções, sobretudo, devido às medidas de combate à crise internacional que poderão sair dos múltiplos encontros entre os principais líderes mundiais, avançou a Lusa.

O foco dos trabalhos estará apontado à promoção de condições para uma rápida recuperação económica mundial e como pano de fundo será debatida a reforma do sistema financeiro internacional, através do reforço da supervisão, da melhoria da coordenação e do aumento da transparência do sistema financeiro global.

«As necessidades da Europa e dos EUA são diferentes, por isso, é natural que as respostas do Banco Central Europeu (BCE) e da Reserva Federal (Fed) norte-americana também o sejam», comentou Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, quando questionada se a instituição liderada por Jean-Claude Trichet devia enveredar pelo mesmo trilho que a sua congénere norte-americana.

Banca europeia sofreu menos

A Fed apresentou dois novos planos para impulsionar a retoma económica: por um lado, anunciou a compra de obrigações do Tesouro a longo prazo, num montante de 300 mil milhões de dólares (222,2 mil milhões de euros), aliada à aquisição de títulos ligados ao sector imobiliário no valor de 750 mil milhões de dólares.

Por outro, pretende criar uma estrutura de 500 mil milhões de dólares, que pode chegar a um bilião de dólares, para comprar os activos tóxicos que congestionam o sistema financeiro, numa parceria a estabelecer entre o poder público e fundos de investimento privados.

Cristina Casalinho acha que «o mercado interpretou as duas decisões de forma positiva», adiantando sobre a compra de títulos do Tesouro que «acredita-se que com esta política a Fed vai conseguir manter as taxas de juro baixas, impulsionando a economia».

Sobre a criação de um mercado para os activos tóxicos sugerida pelo Tesouro norte-americano, Cristina Casalinho disse que «a banca europeia sofreu menos que a norte-americana e a necessidade de uma intervenção do BCE é menor do que nos Estados Unidos».

«O abrandamento do mercado de crédito na Europa foi muito mais lento do que nos EUA, o endividamento das famílias é muito mais baixo e não haverá a mesma urgência de intervenção que nos EUA e no Reino Unido», defendeu a especialista, ilustrando com a situação de muito maior gravidade que existe no mercado imobiliário dessas economias.
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