Têxtil: «Estado não pode asfixiar a sua própria indústria» - TVI

Têxtil: «Estado não pode asfixiar a sua própria indústria»

  • Sónia Peres Pinto
  • 26 jan 2009, 15:29
Dinheiro

Reduzir o prazo de reembolsos do IVA e alargar o pagamento deste imposto são algumas pedidas por este sector

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Para o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (Anivec/Apiv), Orlando Lopes da Cunha, «o Estado não pode asfixiar a sua própria indústria». Caso contrário, corre o risco de aumentar o encerramento de fábricas e consequentemente o número de desempregados, revela o responsável à Agência Financeira.

Apesar de não saber adiantar o número concreto de quantas empresas e quantos trabalhadores estão a ser afectados, o responsável diz apenas «que todas as empresas de todos os sectores estão em perigo. É necessário que o Governo regule urgentemente a lei da oferta e da procura».

Bancos não estão emprestar dinheiro à indústria têxtil

A pensar nisso, a associação vai-se reunir esta terça-feira de emergência com cerca de 20 empresas da Beira Alta, onde trabalham mais de 4.500 pessoas, para debater a crise no sector.

Apoios do Governo

A concessão de apoios financeiros por parte do Estado, semelhante ao que aconteceu na indústria automóvel, pode ser uma ajuda, mas no entender de Orlando Lopes da Cunha, não é suficiente.

A Anivec sugere várias medidas-que já foram entregues ao Governo no passado mês de Dezembro-e que passam por acelerar e reduzir os reembolsos do IVA. O sector pede ainda que o pagamento do IVA ao Estado seja efectuado até ao final do mês seguinte ao do efectivo recebimento da factura e que sejam alargados os prazos de pagamento em prestações de todos os impostos.

A associação defende ainda que o preço do gás não seja aumentado e a electricidade não deverá registar aumentos superiores a 2%.

Ao mesmo tempo, sugere a criação de um plano de apoio, no valor de 1.000 milhões de euros, que tenha como objectivo iniciar processos de reestruturação industrial, de internacionalização, reforçar o fundo de maneio e do seguro de crédito para operações no mercado interno e externo.

Sensilbizar população

Para a Anivec é necessário também sensibilizar a população portuguesa para comprar vestuário produzido no mercado nacional. «É preciso pedir ajuda aos portugueses para comprar o que é português.

No entender de Orlando Lopes da Cunha, a iniciativa «Compro o que é nosso» promovida pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) «é muito frágil e com pouca penetração»

Crise vem de trás

A verdade é que o sector está a ser afectado há mais anos, principalmente com a concorrência chinesa e indiana.

«Ninguém faz melhor do que os portugueses, com mais tecnologia e melhor design, mas é preciso ter uma certa dimensão para ter marcas. E as grandes marcas internacionais estão a fugir da Europa para a China e para a Índia», refere à AF, alertando ainda que «por cada hora que passa, a Europa perde 45 milhões de euros para a China».
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