Têxtil: Governo vai cobrir 60% do seguro de crédito - TVI

Têxtil: Governo vai cobrir 60% do seguro de crédito

Têxtil e calçado

Sector está muito exposto à concorrência internacional

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O Governo português vai substituir-se às seguradoras e cobrir 60 por cento do seguro de crédito das empresas exportadoras que ficaram sem essa cobertura, afirmou à Lusa o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, João Costa.

A criação dessa linha de seguros de crédito para as empresas do sector que viram as seguradoras retirar-lhes a cobertura de risco, devido à situação do mercado, é uma das principais medidas do plano de apoio ao sector têxtil, vestuário e calçado que terça-feira será apresentado pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, avançou a Lusa.

Com esta linha, o Governo passará a cobrir 60 por cento dos seguros de crédito para cerca de 30 por cento das empresas exportadoras que ficaram com os «plafonds» de cobertura reduzidos a zero, explicou João Costa.

«Nos casos em que as seguradoras reduziram os plafonds a zero, o Estado vai dar uma cobertura de 60 por cento e a empresa terá de suportar o risco de 40 por cento do valor do crédito que conceder», afirmou.

Segundo João Costa, existem cerca de cinco a seis mil empresas exportadoras com seguro de crédito, tendo sido afectadas cerca de 30 por cento.

No caso dessas empresas, as seguradoras deixaram de assumir, «preventivamente», o risco de cobrir o crédito às exportações devido à situação do mercado internacional.

O Governo deverá também, no âmbito do quadro de referência estratégica nacional (QREN), alargar a todas as pequenas e médias empresas e às empresas de maior dimensão a antecipação de um incentivo de até 50 por cento do investimento.

«A antecipação do incentivo até 50 por cento, com garantias bancárias, pode incentivar o investimento pois diminui o esforço financeiro por parte das empresas», explicou João Costa.

Criação de um pólo da competitividade da moda

O plano de apoio ao sector têxtil passa ainda pela aprovação do pólo da competitividade da moda, cuja sede deverá ficar no Porto, afirmou o presidente da associação.

Este pólo vai desenvolver cinco projectos estruturantes que terão como objectivo, entre outros, a criação de um instituto português da moda, a promoção externa do sector, a qualificação e formação profissional e a inovação.

O Governo vai anunciar ainda o programa «Consolida» que permite criar mecanismos de apoio para a fusão, aquisição e consolidação de empresas de modo a aumentar a sua dimensão e a sua capacidade competitiva, afirmou João Costa.

O responsável considera que estas medidas, não sendo a totalidade do que seria necessário para enfrentar a crise que o sector atravessa, vão ajudar a «atenuar algumas dificuldades».

João Costa diz que o sector está a ser «fortemente fustigado pela realidade actual», já que se trata de um sector «muito exposto à concorrência internacional».

«A partir de 2005, com a entrada em pleno da China e da Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC), passámos a estar sujeitos a uma pressão de preços e a um grande desvio de encomendas para a Ásia, motivo pelo qual tivemos que fazer grandes ajustamentos», afirmou.

«Vamos tentar positivamente criar condições para vencer estas dificuldades e contrariar esta realidade negativa, através da diferenciação do produto pela inovação», acrescentou.

«É este o nosso objectivo e é para isso que pedimos a ajuda do Governo», concluiu.

Segundo João Costa, o sector do têxtil, vestuário e calçado exportou o ano passado 5.000 milhões de euros, envolvendo cerca de 170 mil trabalhadores num total de 20 mil empresas.
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