Compra da Cosec é «bode expiatório» para menos exportações - TVI

Compra da Cosec é «bode expiatório» para menos exportações

  • Rui Pedro Vieira
  • 18 mai 2009, 12:53
CyC Loja

Crédito y Caución diz que há sinais de que concorrência no sector pode ficar comprometida com renacionalização

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A Crédito y Caución continua com muitas dúvidas sobre a renacionalização anunciada da Companhia de Seguros de Crédito (Cosec).

À Agência Financeira, o director da seguradora espanhola, que é a segunda maior de seguros de crédito em Portugal tem uma interpretação sobre a medida anunciada pelo Governo na semana passada, no Parlamento: «Tentou-se encontrar um bode expiatório para a diminuição acentuada das exportações», defende Paulo Morais.

No entanto, os problemas do sector não se resolvem de um dia para o outro e o que a Crédito y Caución pretende é uma comunicação do Governo sobre a opção de compra e uma garantia de que a concorrência se vai manter de forma total. «Queremos ter um garantia de que as normas do mercado se mantêm», disse o porta-voz da seguradora.

A Crédito y Caución ainda não obteve qualquer justificação do Executivo sobre a operação e refere que o silêncio tem sido uma constante nos últimos seis meses. O responsável sublinha ainda que existem sinais de que possa haver um «privilégio» dado à Cosec face aos restantes players: «Mesmo que a aquisição ocorra, em termos de gestão receamos que sejam introduzidos mecanismos que alterem o funcionamento no sentido de se facilitarem operações», adiantou Paulo Morais.

Crédito y Caución aguarda contacto

Governo compra Cosec

Por isso, o pedido de esclarecimento é solicitado, até porque a empresa espanhola não tem nada contra a entrada do Estado numa entidade desde que as condições se mantenham igualitárias.

Paulo Morais sublinha que o sector dos seguros de crédito tem sentido as dificuldades inerentes à crise financeira, mas não é o único: «A banca também não está bem, por exemplo. No fundo, os seguros de crédito estão a fazer o que é normal fazer-se», desmistificou.

Além disso, há uma mudança na postura comercial: «Hoje as empresas só vendem se tiverem garantias, coisa que antes não acontecia», acrescentou.

Ajustar estratégias mas respeitar continuidade

Segundo dados da Associação Portuguesa de Seguros, existiam no final do ano passado existem perto de 250 mil empresas nacionais cobertas pelos seguros de crédito. O volume de vendas anuais é de 32.900 milhões de euros.

Em função do desfecho da renacionalização da Cosec, a Crédito y Caución assume fazer ajustes na sua estratégia, mas acrescenta que o seu modelo de negócio tem uma continuidade que será para respeitar.

A Crédito y Caución é o operador do Grupo Atradius em Portugal, Espanha e Brasil. Proporciona seguros de crédito, caução e serviços de recuperação de dívidas em 40 países. Com lucros totais cerca de 1.800 milhões de euros e participação de 31% no mercado global dos seguros de crédito, o Grupo Atradius assegura anualmente cerca de 590.000 milhões de euros do comércio mundial.
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