FC Rapperswil-Sporting, 2-1 (destaques)

FIGURA: Bruno Fernandes
Mais do que assinalar 45 minutos muito interessantes e um golo de penálti, este destaque assinala a preponderância única de um executante de excelência. Sejamos claras: o Sporting com Bruno Fernandes será muito mais forte e um candidato sério ao título nacional; o Sporting sem Bruno Fernandes será um conjunto inferior, com uma alma e um andamento distintos. Menos candidato à Liga, pelo menos nas sondagens iniciais. Sai ou fica? O valor desportivo de Bruno dá muito mais a este Sporting do que dariam umas largas dezenas de milhões de euros.   

POSITIVO: Luciano Vietto
No desenho tático, o reforço argentino surgia aberto na esquerda. Um engano ou, pelo menos, um posicionamento enganador. Vietto passou o jogo sempre em zonas interiores, muitas vezes a baixar e a pedir a bola para tocar em Bruno Fernandes. A esquerda não foi, nem será, o habitat natural deste avançado centro bom de bola. Sabe o que faz, gosta de arriscar o remate, tem bons pés e é robusto. Vietto andou ali entre o médio mais adiantado – Bruno – e o ponta-de-lança Bas Dost. Foi do pé direito dele que saíram as mais interessantes ideias leoninas até ao intervalo.

NEGATIVO: Bas Dost
As pernas do matador holandês carregam toneladas de chumbo. Muito preso de movimentos, cada passada pareceu uma maratona de sofrimento. Falhou de forma escandalosa um golo a passe de Raphinha, apesar de ter feito o desvio ao poste em esforço. Bas Dost é um goleador raro e estará bem daqui a umas semanas. E isso, para o Sporting, é o que conta.

A Crónica de uma derrota surpreendente do Sporting

OUTROS DESTAQUES: 

Gonzalo Plata
O melhor dos leões na segunda parte. Num lance pela direita, fugiu para o meio e rematou em arco, levando a bola à barra. Fantasista, imprevisível, capaz de inventar sempre alguma coisa atá nas jogadas menos prometedoras. A jogar assim, Keizer tem de olhar atentamente para o diamante equatoriano.  

Luís Neto
A análise fica limitada pela oposição frágil de Jordan Gele. O possante francês até lutou e mexeu-se muito - fez um golo no segundo tempo, mas caindo sobretudo na zona de Mathieu. Luís Neto limitou-se a entregar bem a bola na primeira fase de construção e a posicionar-se bem nas bolas paradas defensivas. Um teste de baixo nível de exigência para o internacional português.

Thierry Correia e Nuno Mendes
Os laterais do primeiro tempo aproveitaram bem as muitas ausências. Thierry, na direita, arriscou menos e jogou sobretudo pelo seguro. Menos fogoso, mas sólido no processo defensivo. Nuno Mendes, 17 aninhos só, correu o corredor todo, fez alguns cruzamentos e teve mais problemas a defender. Dois nomes para seguir com interesse. Thierry tem claras hipóteses de integrar o plantel.

Tiago Ilori
Não está com vida fácil. No primeiro golo ficou com Jordan Gele e meteu o avançado em jogo, no segundo reagiu tarde e ficou para trás com Quaresma. Discute com Ivanildo a quarta vaga para central e o ex-Moreirense esteve melhor. Pelo menos, não errou tanto.

Eduardo Henrique
No Belenenses foi sobretudo um «8», mas Keizer colocou-o como médio mais recuado neste teste. Tem boa técnica, é fisicamente robusto, mas está com um ritmo ainda baixíssimo. Apareceu pouco no jogo, procurou jogar simples e curto, sem grande risco. Para já, Doumbia é o dono do lugar.

Matheus Pereira
Marcel Keizer continua a utilizá-lo no corredor central, a fazer a posição de Bruno Fernandes, mas com características completamente diferentes. Bruno é um cérebro, é um rematador, é tudo; Matheus é um extremo a jogar no meio, mais rompedor e transportador. Tentou, insistiu, fez tudo de uma forma mais individual. A qualidade está lá, como mostrou na segunda fase da época no Nuremberga. Para jogar no meio tem de fazer mais.

Rafael Camacho
Mais discreto e desinspirado do que Gonzalo Plata. É mais explosivo, mais direto, mas tem menos atributos técnicos. Teve o empate no pé direito, já no período de descontos, mas precipitou-se e rematou por cima da barra.