Por que deverá ser este o Mundial mais equilibrado de sempre - TVI

Por que deverá ser este o Mundial mais equilibrado de sempre

O Campeonato do Mundo de râguebi começou neste fim de semana. Com algumas surpresas, mas, sobretudo, com bastante equilíbrio. E, na análise de Tomaz Morais, esta vai ser a tónica

A vitória do Japão sobre a África do Sul no sábado permanece o resultado mais fantástico dos três dias de Mundial de râguebi que arrancou na sexta-feira. Mas, aprofundando um pouco o olhar, a surpresa do triunfo nipónico sobre os duas vezes campeões do mundo não é assim tão grande nos dias de hoje; ou não se estivesse perante aquele que pode ser o Mundial mais equilibrado de sempre.

A análise é-nos dada pelo diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Râguebi explicando as razões desta surpesa. «A África do Sul não tem estado tem vindo a fazer as priores prestações dos últimos tempos, tem havido disputas internas devido às quotas raciais» conta Tomaz Morais ao Maisfutebol acrescentando que, no presente, os «Springboks» são «uma equipa que se divide entre muitos jogadores veteranos e muito jovens».



Esta foi a segunda vitória dos nipónicos em Mundiais (a primeira tinha sido há 24 anos sobre o Zimbabué). Atualmente, o Japão conta com vários jogadores naturalizados: cerca de um terço, mais em concreto. Já o Japão «fez um investimento muito grande nos últimos tempos», aponta Tomaz Morais. O diretor técnico da federação avisa não só que «o Japão é hoje uma potência mundial» do râguebi, como prevê que «vão acontecer mais vitórias». «A primeira», destes triunfos sobre favoritos, «é a mais difícil», garante.

Mas o segredo dos «Brave Blossoms» não está apenas nos jogadores. Para além disso, o maior trunfo japonês estará no banco e no seu selecionador: Eddie Jones, um australiano que sabe muito de râguebi. «Ele tem grande credenciais, é um dos melhores do mundo», diz Tomaz Morais a respeito do treinador que descreve como «muito frio» e que «desenvolve um râguebi muito equilibrado entre a defesa e o ataque».

«O Japão atacou as bolas todas, cansou os sul-africanos», analisa Tomaz Morais concordando que a vitória japonesa sobre os sul-africanos tem mais explicações na abordagem tática que foi desempenhada em campo. O próprio Eddie Jones acentuou esse facto no final do jogo: «O Japão só pode jogar de uma maneira: temos uma equipa pequena, por isso temos de fazer a bola girar.»



«Nós ainda não terminámos. Viemos cá para ir aos quartos de final. Se chegarmos aos quartos de final reformo-me», avançou Jones. Para Tomas Morais, «tudo é possível». Este «era um grupo que não tinha expectativa, com Samoa, Escócia e África do Sul» a lutarem pelos dois lugares de apuramento. Mas, agora, muito está em aberto.

O equilíbrio deste arranque de Mundial também se verificou neste domingo, com a Argentina a sair para o intervalo a vencer a super-favorita Nova Zelândia por 13-12. Os neo-zelandeses acabaram a ganhar o jogo 26-16 e a evolução do marcador não surpreendeu o diretor técnico português: «A segunda parte da nova Zelândia vai acontecer nos outros jogos.»

«Mas quero destacar o bom jogo que a Argentina fez», frisou Tomaz Morais incluindo os Pumas no lote alargado de favoritos. O principal, no entanto, continua a ser a seleção neo-zelandesa, mesmo que os «All Blacks» «não estejam hoje no máximo da forma», «A Nova Zelândia está mais presa no primeiro momento, mas ainda me parece a mais forte até agora», avalia Tomaz Morais.



No lote dos principais candidatos ao título mundial, Tomaz Morais confia que «a França terá uma palavra a dizer», pois «é uma equipa calculista». Mas, além da atual vice-campeã mundial (outras duas vezes batida na final), O diretor técnico nacional destaca «a Inglaterra», pois, a única seleção europeia a ter ganho um Mundial «joga em casa», e também «a Austrália» porque «está em grande momento de forma».

Tomaz Morais não deixa também de referir que «a Argentina pode repetir as meias-finais de 2007» e uma «super-Irlanda» que «também joga praticamente em casa» como seleções a ter em atenção. «Vamos ter um grande mundial, provavelmente o mundial mais equilibrado de sempre», afirma Tomaz Morais comentando ainda o triunfo da Geórgia sobre Tonga no sábado. «A Geórgia tem um dos três melhores nº8 do mudo, o seu capitão, Gorgodze», analisou sobre uma equipa que «vai ser difícil para a Argentina».
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