Aborto: livro junta argumentos - TVI

Aborto: livro junta argumentos

  • Portugal Diário
  • 19 jan 2007, 22:38

Juntar argumentos médicos, jurídicos, sociológicos e históricos foi o objectivo da obra

Juntar argumentos de carácter médico, jurídico, sociológico e até histórico, pelo "Sim" e pelo "Não", foi o objectivo dos coordenadores do livro «O Aborto e a IVG: O Sim e o Não», lançado esta sexta-feira em Lisboa.

«Sabíamos que iriam aparecer durante a campanha livros e textos mais ao estilo de propaganda, pelo que pedimos a estas personalidades textos e depoimentos de ambas as partes que permitissem um reflexão mais serena», afirmou à Lusa Vítor Mendes, coordenador da obra juntamente com Fernando Correia Gomes.

Ao longo de 188 páginas, nomes como Matilde Sousa Franco, João César das Neves e Helena Lopes da Costa, apoiantes do "Não", e Odete Santos e Manuel Pizarro, pelo "Sim", cruzam argumentos e opiniões.

«Queremos que as pessoas votem em consciência, ponderando os argumentos, esquecendo um pouco as picardias, a emoção e a política que vai presidindo ao debate até a data do referendo», acrescentou Vítor Mendes.

No seu testemunho, Matilde Sousa Franco salienta que «80 por cento das mulheres que abortaram declaram que não o teriam feito se tivessem apoio do Estado e da sociedade».

«Aceitar que o Estado e a sociedade só têm para oferecer à mulher, com dificuldades em assumir a sua gravidez, muitas vezes económicas, as alternativas do aborto clandestino e do aborto legal, eliminando crianças saudáveis, é inclusivamente, aceitar que não se cumpram as recentes normas comunitárias de apoio à maternidade e é mesmo um retrocesso civilizacional», afirma Matilde Sousa Franco, presente na cerimónia de lançamento.

Para a deputada socialista, «o aborto nunca é a única alternativa», até porque «nos casos mais extremos há ainda a adopção, a qual deve ser agilizada, pois em Portugal há muito mais pedidos do que crianças e os processos demoram 6 ou 7 anos».

Pelo "Sim", Cecília Vieira da Costa, médica e vice-presidente da Associaçã o Médicos pela Escolha, considera que a alteração da lei «é uma questão de dignidade, de respeito pela saúde, pela intimidade e consciência individual, e é hoje em dia também uma questão de justiça social».

«A ideia de que esta lei é dissuasora é um claro embuste que a todo o custo nos querem fazer crer, pois é precisamente a actual lei que alimenta o aborto clandestino. É precisamente a actual lei que remete as mulheres para as clínicas clandestinas, para o mercado negro do "cytotec" e que as obriga a procurar ajuda para lá dos limites de uma fronteira onde felizmente encontram cuidados médicos dignos», defende Cecília Vieira da Costa.
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