FC Porto: filho de Tahar El Khalej joga no Sintrense e «até mete medo» - TVI

FC Porto: filho de Tahar El Khalej joga no Sintrense e «até mete medo»

Tahar júnior é um dos defesas centrais do centenário emblema do Campeonato de Portugal. O estilo e a coragem são tirados a papel químico do pai. «Estou a preparar este jogo desde que nasci.»

Os 100 jogos pelo Benfica, os Mundiais de 94 e 98, o estilo bárbaro de olhos arregalados, sanguíneos. O bater meio na bola, meio no homem, a barreira invisível a separar agressividade e violência.

Já não se fazem defesas centrais como Tahar El Khalej.

Atleta fiel aos princípios mais básicos da função: tornar o golo adversário num beco sem saída, num sentido proibido. Já não se fazem Tahar’s, a não ser que seja o próprio Tahar a fazê-los.

«Sou exatamente igual a ele», diz o sorriso malandro de Tahar El Khalej júnior. Defesa central, pois claro, do Sintrense. Adversário do FC Porto na sexta-feira, dia de taça em Massamá – casa emprestada.

«Até mete medo às pessoas, graças a deus que não jogo contra ele», concorda o colega Flávio Cristóvão, na conversa a quatro com o Maisfutebol. Sim, falta entrar Alexandre Silveira, diretor desportivo e um dos rostos mais influentes da SAD sintrense.

«Hoje, na altura de bater os penáltis, eu pus-me ao lado da baliza. Estava protegido pela rede, mas quando vi que era o Tahar a bater até me afastei.»

Tahar elogia o grupo «especial» do Sintrense (FOTO: Nuno Silva Marques)

Testemunhas abonatórias: o ADN de Tahar El Khalej joga no Sintrense e só contraria o perfil do pai porque utiliza pé esquerdo como arma preferencial.

Sou defesa central, como o meu pai. No Benfica jogava a lateral esquerdo, mas é a central que posso render mais. FC Porto? Pode vir qualquer avançado, estou pronto.»

Tahar é um dos guerreiros do Sintrense, mas fora do campo cativa pelo sorriso. Um cavalheiro.

«Estou a preparar este jogo desde que nasci», diz-nos, antes de lançar mais bom humor para cima da mesa.

«Estamos a tentar normalizar a semana, mas a verdade é que a adrenalina do mediatismo mexe connosco. Hoje, por exemplo, acho que toda a gente treinou (risos). Ninguém ficou no posto médico.»

«Tive problemas de saúde mental e no Sintrense tenho um mental coach

Tahar El Khalej júnior nasce em novembro de 1997, quando o pai ainda representa o Benfica. Lisboeta, filho de um marroquino e de uma portuguesa. Os primeiros dados são dados, precisamente, nas águias, até aos sub13.

«Depois acompanhei o meu pai no regresso a Marrocos. Joguei num clube de Marraquexe até aos 16 anos e depois na academia do meu pai, até aos 18. Nessa altura fui para França estudar e deixei o futebol.»

É por intermédio de outro membro da família Khalej, o irmão Yassine, que Tahar volta a Portugal e ao que mais gosta de fazer. O Sintrense abre-lhe a porta do profissionalismo em 2020 e a aposta é uma entrada vitoriosa a pés juntos.

Este projeto é diferente, tem um profissionalismo total. Dou um exemplo concreto: há uns anos tive vários problemas de saúde mental e no Sintrense tenho um mental coach. Ele tem sido fundamental, tem-me ajudado imenso. O clube ajuda os atletas a completar o 12º ano e a esta hora está a haver uma aula de francês. Mas a essa não preciso de ir (risos).»

Tahar tem, aliás, a «certeza absoluta» de que o Sintrense subirá de divisão. A «qualidade do trabalho e da estrutura» merecem essa «recompensa». Em Marrocos, o centenário emblema faria inveja a qualquer clube da primeira divisão.

«Cheguei ao Sintrense e disse ao Alexandre [diretor desportivo] que este tipo de condições não existe em Marrocos. Lá há muita qualidade individual e zero profissionalismo. Os jogadores saem até às tantas da noite, treinam de manhã e só chegam a casa às quatro. Não pode ser. É pena porque o potencial é enorme.»

O pai Tahar estará na bancada para ver o Sintrense-FC Porto

Na bancada de Massamá, Tahar filho terá o Tahar pai. Se há alguém capaz de falar sobre o que exige um duelo contra o FC Porto, esse alguém é precisamente o antigo defesa, hoje com 53 anos.

«Toda a família está em Marrocos, mas o meu pai vai estar cá para ver o jogo contra o FC Porto. Chega na quarta-feira. Ele adora acompanhar os filhos e vai atrás de nós para qualquer lado», refere o jogador do Sintrense.

E conselhos? O que dirá Tahar a Tahar?

«Eu vi o sorteio na televisão e quando nos saiu o FC Porto fiquei todo contente. Liguei logo ao meu pai, mas ele estava a dar formação num curso de treinadores e não atendeu. Só me respondeu às oito da noite e disse que ia ser um jogo bom para mim, daqueles jogos bons, de exigência máxima.»

Tahar, como admite, está a preparar uma partida deste nível mediático desde o berço. Embalado por mãos poderosas. Nada receia no ataque do FC Porto, tudo admira no centro da defesa azul e branca.

«Se o Pepe estiver em campo, seria a ele que pediria a camisola. Se não for a ele, talvez ao Marcano ou ao Fábio Cardoso. Gosto muito do estilo do Fábio.»

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