Missão Olímpica: ambição é o melhor repelente para o Zika - TVI

Missão Olímpica: ambição é o melhor repelente para o Zika

Missão Olímpica (Estela Silva/Lusa)

Jogos do Rio arrancaram no FADEUP. Ojetivo passa por aumentar número de atletas portugueses. Chefe de Missão aponta para 80 elementos e ninguém quer pensar no maldito vírus

A Equipa Olímpica de Portugal reuniu-se na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto para a abertura da Missão Rio 2016.

O Maisfutebol acompanhou os trabalhos, falou com alguns dos atletas presentes e confirmou que o famoso Zika, o vírus que atormenta a população do Rio de Janeiro – e que merece a observação atenta da Organização Mundial da Saúde – não faz parte das preocupações gerais.

Treinadores, atletas, oficiais e restante staff preferem relativizar o tema, até pela distância temporal até ao início dos Jogos. Falta meio ano e a confiança na organização é absoluta.

Rui Bragança, um dos favoritos às medalhas no taekwondo e estudante de Medicina, sabe que terá de «levar repelente, roupas claras e mangas compridas». «De certeza que vai correr tudo bem. Mais em cima do torneio teremos informação aprofundada sobre o vírus».
 

                                                              Em 2012 foi assim

Na canoagem, Fernando Pimenta desvaloriza - «O importante é chegar lá na máxima força» - e Emanuel Silva até brinca. «Os entendidos que o tratem de eliminar. Se for preciso nós tratamos dele com a pagaia (risos)».

A judoca Telma Monteiro está «otimista» e acha que «nada acontecerá».

Para todos eles, e para o Chefe da Missão (José Garcia, antigo canoísta), o melhor repelente será «a ambição» e a forma como cada um fará a sua preparação.

«Temos 52 atletas já apurados e até ao dia 11 de julho o grupo será muito alargado. O mês de maio será especialmente importante», referiu o dirigente, convencido de que o número de atletas portugueses presentes em Londres, nos Jogos de 2012, será batido.

«A nossa expetativa é essa. Tivemos 77 atletas em Inglaterra e agora acho que vamos ultrapassar as oito dezenas».

Instado a falar sobre potenciais medalhados, José Garcia remeteu para a análise feita pelo Comité Olímpico de Portugal.

«Os atletas qualificados são divididos em três níveis: semi-finalistas, finalistas e medalhados. Esta geração tem resultados internacionais de grande nível e espero que consigam confirmá-los nos Jogos».

6 ATLETAS EM DISCURSO DIRETO

Telma Monteiro (judo) – 3 presenças em Jogos Olímpicos

Parte para o Rio de Janeiro com que objetivo?

«Para já quero preparar-me bem. Tenho capacidades para vencer qualquer uma, sinto isso».

O aspeto psicológico é fundamental?
«E o físico também. Uma coisa não funciona sem a outra. Temos de definir bem a estratégia e manter sempre a concentração. Sinto que estou no bom caminho, mas ainda falta muito».

A Telma é uma das maiores esperanças do povo português. Reage bem a isso?
«Fico contente que as pessoas tenham um sentimento positivo sobre a minha prestação. Eu tenho é de gerir as coisas de uma forma diferente».  

Rui Bragança (taekwondo) – estreante em Jogos Olímpicos

O que leva deste encontro da Missão Olímpica?
«Estamos aqui para nos ajudar uns aos outros. O grupo é excelente e os mais experientes ajudam muito. Vamos daqui mais fortes do que quando chegamos».

Já há algum nervoso miudinho ao pensar nos Jogos Olímpicos?
«Ainda falta muito tempo, mas quando me perguntam alguma coisa sobre os Jogos… há um nervoso miudinho, sim. O objetivo é chegar lá bem, mas ainda vou ter várias competições. O Europeu é em maio, por exemplo».

Tem obtido excelentes resultados. A realidade dos Jogos e muito diferente da que conhece?
«Sim, completamente. No taekwondo temos oito categorias, mas para os Jogos só existem quatro. Ou seja, há categorias que se fundem e há campeões do mundo e da Europa na mesma categoria. Só há 16 vagas e no máximo há quatro combates. Qualquer um dos adversários é fortíssimo. Cada combate tem seis minutos e é tudo muito rápido. Quando me falam em medalhas só posso dizer que tudo pode acontecer. Vou trabalhar para isso».

Qual é o seu plano atual de treinos?
«Treino de manhã, depois vou para o hospital, onde frequento o curso de Medicina, e à tarde treino mais um pouco. Treino quatro horas por dia».
 


Fernando Pimenta (canoagem) – 1 presença em Jogos Olímpicos

Considera-se uma das figuras de cartaz do grupo que estará no Rio?
«Não, somos todos iguais. Vamos todos com a mesma ambição».

O chefe da missão, José Garcia, é um antigo campeão de canoagem. Isso é uma motivação-extra?
«É um grande exemplo para nós. É sempre bom ter um membro-extra da família da canoagem a olhar por nós».

Quais são as suas ambições?
«Muitas, muito grandes. A qualificação para os Jogos está garantida, agora tenho de trabalhar muito, acumular experiência e quando chegar ao Rio vou lutar pelas finais. A canoagem portuguesa está com um nível altíssimo e tudo é possível. Faço o que gosto, dou o máximo diariamente e vou para o Rio de Janeiro com a consciência tranquila».

A canoagem foi a modalidade mais medalhada em 2015. Sente que a pressão sobre vocês aumenta?
«Desde 2007 que a canoagem tem evoluído e obtido resultados excelentes no panorama internacional. Sentimos que existe maior visibilidade e reconhecimento. Isso dá-nos mais alento».
 

  
Vanessa Fernandes (maratona) – 2 presenças em Jogos Olímpicos

Na estreia em maratonas conseguiu uma marca fantástica. Vai dar para estar no Rio?
«É muito complicado, difícil. Temos a Dulce Félix, a Sara Moreira e a Jessica Augusto com marcas extraordinárias e elas estão no topo. Tenho orgulho nelas. Eu fiz uma maratona para experimentar, para correr 42 quilómetros, e calhou fazer 2h31m00 e conseguir os mínimos. Mas é bom estar cá e a minha ambição é estar nos Jogos de Tóquio em 2020».

Qual será a próxima maratona no seu programa?
«Ainda não sei, mas será realizada no mês de abril. Tudo depende das sensações que tiver nas próximas maratonas. Se não me sentir bem, vou explorar outras modalidades».

Como explica este seu renascimento?
«Com ambição e crença. Tenho uma página em branco, pronta a ser escrita. Há muitas coisas que ainda não fiz e quero fazer no Desporto. Quero ser uma inspiração para quem persegue objetivos altos».

João Costa (tiro) – 4 presenças em Jogos Olímpicos

É dos mais experientes do grupo. O que lhe parece esta nova geração?
«Coesa, muito coesa. Está a ser ótimo conviver com eles».

O João será um dos que não vai tremer, pois já tem quatro Jogos no currículo…
«O João vai tremer (risos). Todos tremem. Eu tentarei tremer menos do que os outros. Não quero falar sobre resultados. Vou lá fazer o meu melhor. Estas são modalidades muito complicadas e estar nos Jogos é uma honra. As expetativas são criadas pela imprensa e pelo público».
 


Emanuel Silva (canoagem) – 3 presenças em Jogos Olímpicos

A canoagem parte para o Rio com grande ambição. Concorda?

«É bom partir para os Jogos com expetativas altas. Trabalhámos muito para colocar a canoagem neste ponto. É possível chegar lá e fazer um grande resultado».

A pressão pode atrapalhar um bom resultado?
«Não podemos levar isso como pressão, mas sim como energia positiva. Há milhões de portugueses a torcer por nós e queremos representar bem o nosso país. Com aquilo que nos dão [subsídio] é possível fazer muito. Não nos vamos andar a lamentar».
 

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