Champions: Sporting-Ajax, 1-5 (crónica) - TVI

Champions: Sporting-Ajax, 1-5 (crónica)

Um tremendo choque de realidade

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Ponto prévio: este Ajax é uma excelente equipa.

Só na frente de ataque, por exemplo, gastou mais de 50 milhões de euros: 15 em Antony, 15 em Tadic, 22 em Haller. Mais do que toda a equipa do Sporting, portanto.

Isto sem contar com os vinte de David Neres, os quinze de Daley Blind, os quinze de Edson Alvarez, enfim. Muito dinheiro para a realidade leonina.

Mas nem é só por isso. É uma grande equipa porque tem tudo. Absolutamente tudo. Talento individual, movimentos coletivos, criatividade tática, consistência posicional, maturidade competitiva, enfim, é uma equipa de Liga dos Campeões com todas as qualidades bem arrumadas.

Apesar disso, que é tudo verdade, não chega para justificar o descalabro leonino.

O Sporting viveu um tremendo choque de realidade. No regresso à Champions, a equipa de Ruben Amorim, que ainda no último sábado tinha sido melhor do que o FC Porto, por exemplo, percebeu que tem um longo caminho a percorrer para poder bater-se com as melhores equipas da Europa.

É verdade que a evolução no último ano e meio foi tremenda, e isso mesmo foi reconhecido com o aplauso dos adeptos após o apito final, mas o espaço de progressão é enorme. O Sporting tem vontade, tem um ou outro bom pormenor, mas falta-lhe capacidade mental para estes jogos.

Foi essa capacidade mental que, provavelmente, justificou a goleada sofrida esta noite.

O Ajax foi sempre melhor, disso não há dúvida. Teve sempre mais profundidade e mais capacidade de controlar o jogo. Mas a verdade é que não criou oportunidades que justificassem esta goleada.

Então como a conseguiu?

Basicamente porque de cada vez que foi à baliza de Adán, pelo menos com verdadeiro perigo, fez golo: e marcou sempre na cara do guarda-redes leonino. Ou seja, não foram remates de longa distância, nem bolas paradas. Foram jogadas que permitiram surgir na cara do espanhol.

A ficha de jogo e a notas dos jogadores

Começou por fazê-lo logo aos 68 segundos, num remate de Antony que bateu no poste e permitiu a Haller fazer a recarga para golo completamente solto, e nunca mais parou.

E nunca mais parou porque a defesa do Sporting foi um náufrago à deriva. Um buraco sem fundo. Um terrível monte de equívocos. Incapaz de acertar na marcação ao ponta de lança costa-marfinense, que recebeu por mais três vezes a bola em posição frontal, na zona de finalização, completamente à vontade para encarar Adán, escolher o lado e finalizar como quis.

Foram erros atrás de erros que tornam evidente como este Sporting ainda tem tanto, mas tanto para crescer na Europa. Até porque mais lá à frente a equipa criou ocasiões de golo. Paulinho até marcou duas vezes, uma das quais foi anulada por fora de jogo, Palhinha e Feddal ameaçaram em jogadas de bola parada, Pedro Porro obrigou Pasveer a grande defesa, enfim, o Sporting existiu no ataque.

O pior foi mesmo na defesa, onde equívocos atrás de equívocos lançaram as bases de um descalabro que tornaram impossível qualquer reação.

É verdade que faltou o capitão Coates e que Gonçalo Inácio se lesionou ainda na primeira parte, obrigando a improvisar Ricardo Esgaio como central, mas isso não chega para justificar tantos erros. Porque, como diz Amorim, é uma opção estratégica do clube ter um plantel curto.

Fica o essencial: esta noite pode ter sido dolorosa, mas era necessária. Um processo de crescimento faz-se de etapas, e às vezes é preciso ser puxado das nuvens.

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