Salgado: «Agências de rating têm objectivos políticos» - TVI

Salgado: «Agências de rating têm objectivos políticos»

Banqueiro considera que instituição de notação norte-americana não se rege apenas por critérios financeiros e acusa Alemanha de não cumprir compromissos

O presidente do BES considera que a ameaça da Standard & Poor's de baixar a notação da dívida pública de 15 países do euro «é a prova de que as agências de rating também se estão a mover por objectivos políticos».

A decisão da agência norte-americana de notação, em vésperas da realização de um conselho europeu - considerado fundamental para a sobrevivência da moeda única europeia e da chegada a uma solução mais abrangente para a crise das dívidas soberanas - é «mais do mesmo», disse esta quarta-feira Ricardo Salgado, aos jornalistas, à margem da 7.ª edição do concurso BES Inovação.

«Esta é a prova provada de que as agências de rating também se estão a mover por objectivos políticos e não estritamente financeiros, em relação às avaliações dos riscos. Isto é uma intervenção política via agências de rating», acusou o banqueiro.

Sobre a proposta apresentada pelo eixo franco-alemão para a reforma dos tratados europeus, que visa inscrever, nas constituições nacionais, limites para a dívida pública e para o défice, o presidente do BES afirmou que «havia compromissos, e esses compromissos não foram cumpridos. Por vários países, entre eles pela própria Alemanha. É preciso não esquecer que a dívida em relação ao PIB na Alemanha ultrapassou os 80 por cento e não os 60%, que era o limite».

O banqueiro reiterou ainda as críticas que tem vindo a fazer ao Banco Central Europeu, considerando que a instituição «não está a desempenhar as funções completas de um banco central». Assim sendo, o responsável considera que o BCE «tem que trabalhar no mercado com maior profundidade em termos de aquisições dos títulos da dívida pública e da cedência de liquidez».

Queda de acções reflecte ajustes normais do mercado

Sobre as flutuações das acções do BES, Ricardo Salgado disse que não são preocupantes, considerando-as apenas um «ajuste do mercado normal», que acontece na sequência da operação de capitalização do banco.

«As acções do BES aumentaram em número substancial, houve cerca de 300 milhões de acções novas que foram criadas com os processos de capitalização. É normal, quando há um aumento de acções lançadas no mercado - foram cerca de 297 milhões de acções lançadas no dia de ontem - que apareçam mais acções a provocar a evolução das cotações. Até encontrar um «novo» patamar de estabilidade, garantiu, «poderá haver flutuações».

«Acho que é uma fase de ajuste de mercado, num mercado que está naturalmente muito instável», concluiu o responsável.

Ainda assim, o banqueiro acrescentou que a operação de capitalização do banco «deverá apontar para podermos chegar aos 9% de rácio de capital em Junho de 2012», cumprindo então as metas que a troika estabeleceu à banca portuguesa.

As acções do BES fecharam na segunda-feira a perder cerca de 12%, e estiveram hoje a cair mais de 4%, para os 1,17 euros, pelas 14h15.
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