Cautela, caldos de galinha e ambição: receita portuguesa nos Jogos - TVI

Cautela, caldos de galinha e ambição: receita portuguesa nos Jogos

A 100 dias dos Jogos Olímpicos fez-se um logotipo humano «até» aos Brasil e um ponto de situação

Quando ficaram a faltar 100 dias para o arranque dos Jogos Rio 2016 o Comité Olímpico de Portugal (COP) assinalou esse número redondo com um Abraço Olímpico que se estendeu do Cristo Rei, em Almada, até ao Brasil.

O simbolismo foi reforçado pela presença de muitos atletas portugueses que já garantiram a sua presença nas próximas Olimpíadas de verão. E por uma serenidade olímpica dos que vão participar na maior competição pluridisciplinar do planeta; uma serenidade que se situa entre o nada está garantido e a ambição das medalhas.

Aa ambições – e as possibilidades – são diferentes entre os vários atletas portugueses – claro –, mas a consciência do que é estar nuns jogos Olímpicos – essa – é comum entre os que já fazem parte da comitiva portuguesa.

«Procuramos trabalhar e dar tudo por tudo pelo país. Não prometemos medalhas, mas vamos lá para vencer», garantiu Emanuel Silva recusando pressão e assumindo que a representação portuguesa na canoagem é muito coesa: «Temos de aproveitar isso.»

Em Londres 2012, Emanuel Silva ganhou a medalha de prata em K2 1000m juntamente com Fernando Pimenta. O canoísta de Ponte de Lima também parte do grau zero em direção ao topo. «Temos de estar a contar com o pior para depois não ficarmos desiludidos», adverte Fernando Pimenta confiante em bons resultados: «Esperamos já ter condições para dar um bom espetáculo quando chegarmos lá.»

Emanuel Silva acredita que «está tudo bem encaminhado» explicando que «a canoagem portuguesa nunca faltou vontade». «Queremos repetir os resultados de 2012», assume o atleta que vai voltar a competir em K2 e também participará em K4.

Na embarcação de quatro canoístas vão voltar a competir juntos, mas, no Rio 2016, Fernando Pimenta trocará o K2 de Londres pelo K1. «É o realizar de um dos objetivos. Foi por isso que lutei nos últimos anos. Consegui.» «O resultado da última época confirmou o que eu tinha vindo a afirmar. Agora é passo a passo», acrescentou.

«Ninguém quer ficar fora da final, muito menos eu que estou a abdicar de muita coisa.

É chegar lá, dar tudo por tudo para estar na final e depois lutar pelos lugares cimeiros», afirma Fernando Pimenta frisando que a competição vai ser dura: «No K1 estamos 12, 13 atletas a lutar pelas medalhas.» «É bom para a canoagem, é disso que eu gosto, estar lá no meio deles a lutar», garante.

Telma Monteiro ainda está em recuperação de uma lesão. O retomar da condição ideal «está a correr bem», mas ainda a «algumas semanas». A esta distância de 100 dias para os Jogos, a judoca portuguesa também adverte, no Rio de Janeiro, «qualquer resultado é possível» porque «não existem favoritos». «Seriedade e calma» são as promessas que dá desde já para «cada combate».

A ginasta Filipa Martins revela objetivos mais precisos: «Fazer uma prova limpa e tentar ir a uma final». Diogo Abreu também. «Estou a apontar para uma final», assume o representante português no trampolim considerando que o primeiro patamar é estar entre esses «oito primeiros». Depois, apontará a «superar o melhor resultado do Nuno Merino», que ficou em sexto lugar em Atenas 2004.

Ana Cabecinha concorda que, «depois do quarto lugar [no Mundial 2015], só o pódio, sim», poderá seguir-se como um resultado que a satisfaça. Mas assume «calma» quando «ainda faltam muitas semanas até ao Rio».

A marchadora admite, porém, já alguma ansiedade à medida da distância temporal: «A 100 dias dos Jogos, cada dia já é pensado com mais vontade.» Foi esse centena de dias cuja contagem decrescente começou que o COP assinalou juntamente coma Marinha portuguesa. As cerimónias fizeram-se a nível mais institucional a bordo do Navio Escola Sagres (ancorado na Doca de Alcântara) e no Santuário de Cristo Rei.

Na margem sul do rio Tejo, cerca de 900 pessoas, entre atletas, treinadores, dirigentes e cidadãos anónimos, formaram o logotipo dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A complementa a coreografia esteve a Banda da Armada formando o nº100 dos dias que faltam para começarem as Olimpíadas.

O objetivo desta iniciativa, de acordo com o COP, foi o objetivo deste evento foi «unir Portugal e Brasil (...) desde o Cristo Rei até ao Corcovado», numa «união de povos» que foi transmitida pelas estações transmissoras dos Jogos para ada um dos países. Na cerimónia de Almada foram 30 os atletas presentes. Para o Rio 2016 já estão qualificados 64 (como atualiza o COP).

«Canoagem-6 vagas: K4 1000m masculino (Fernando Pimenta), C1 200m masculino e K1 500m feminino (Teresa Portela); devido ao apuramento no K4 masculino, Portugal poderá participar nas provas de K1 e K2 masculino;

Ciclismo-4 vagas: prova de estrada e contrarrelógio;

Equestre-1 vaga: Luciana Diniz (salto de obstáculos);

Futebol-18 vagas: prova masculina;

Ginástica-4 vagas: Filipa Martins (artística feminina), Gustavo Simões (artística masculina); Ana Rente (trampolins feminino); Diogo Abreu (trampolins masculino);

Natação-2 vagas: nos 200m estilos, conquistadas por Diogo Carvalho e Alexis Santos;

Taekwondo-1 vaga: Rui Bragança (-58kg);

Ténis de mesa-3 vagas: Fu Yu (singulares femininos), Marcos Freitas (singulares masculinos) e Tiago Apolónia (singulares masculinos);

Tiro-1 vaga: Irá competir em duas provas: pac 10m e pistola 50m;

Vela-5 vagas: classes 49er (Jorge Lima e José Costa), laser (Gustavo Lima), laser radial (Sara Carmo) e rs:x (João Rodrigues).»

Àquelas acrescem Ana Cabecinha (20km marcha feminina), Daniela Cardoso (20km marcha feminina), Dulce Félix (maratona feminina e 10.000m femininos), Filomena Costa (maratona feminina), Inês Henriques (20km marcha feminina), Irina Rodrigues (lançamento do disco), João Vieira (20km e 50km marcha masculina), Jessica Augusto (maratona feminina), Marta Onofre (salto com vara), Miguel Carvalho (50km marcha masculina), Nélson Évora (triplo salto masculino), Patrícia Mamona (triplo salto feminino), Pedro Isidro (50km marcha masculina), Ricardo Ribas (maratona masculina), Rui Pedro Silva (maratona masculina), Sara Moreira (10.000m femininos e maratona feminina), Sérgio Vieira (20km marcha Masculinam), Susana Costa (triplo salto feminino), Susana Feitor (20km marcha feminina), Vanessa Fernandes (maratona feminina), Vera Santos (20km marcha feminina), Tsanko Arnaudov (lançamento do peso masculino) e Yazaldes Nascimento (100m masculinos).

«São 22 atletas com mínimos, mas como existem cinco atletas na prova de 20km marcha feminina e outras cinco atletas na maratona feminina, apenas contabilizamos três vagas em cada disciplina, o que reduz o número de apurados no Atletismo para 18 em virtude do limite de três atletas por país nas provas em questão. De referir que na marcha feminina, tendo em conta os critérios de seleção definidos pela Federação Portuguesa de Atletismo, das cinco atletas com mínimos, já é garantida a presença de Ana Cabecinha e Inês Henriques, faltando apenas definir quem ocupará a terceira e última vaga, entre Daniela Cardoso, Susana Feitor e Vera Santos.»

Jéssica Augusto tem o quarto melhor tempo para três lugares na maratona (o quinto é de Vanessa Fernandes) e tem de esperar por uma decisão que não lhe cabe a si. «Ainda tenho esperança de marcar presença nos Jogos Olímpicos. Mas não em cabe a mim decidir, cabe à federação», afirmou a atleta mantendo que o seu «objetivo é ir às Olimpíadas».

«Fui uma atleta medalhada no último campeonato da Europa [bronze na maratona em 2014]», lembra a corredora do Sporting admitindo que o sétimo lugar em Londres 2012 «não irá pesar porque já foi há quatro anos». E deixa uma garantia: «Irei respeitar sempre a decisão da federação.»

Também em fase de espera devido à sua lesão Telma Monteiro confessa ser «um desafio enorme trabalhar para regressar aos tapetes». «Vai depender do mês de maio como vou regressar, mas acredito que vou competir antes dos Jogos», referiu a judoca de forma otimista quanto ao Rio: «Conto estar na minha melhor forma possível.»

No que respeita às dificuldades já muito destacadas em relação aos palcos dos Jogos, Emanuel Silva frisa que «as condições são iguais para todos os atletas». «Não vamos arranjar desculpas», advertiu o canoísta: «Eu vou estar preocupado com a minha forma e com a minha saúde.» «O meu medo nestas competições é ficar doente», explicou [e explicando a parte dos caldos de galinha que estão no título]

Ana Cabecinha considera «um bom percurso» o que foi escolhido para a marcha, mas tem «pena da hora a que vai ser» a sua prova por causa do calor – será às 14:30. Fernando Pimenta já se preparou emocionalmente para o Rio: «Tenho ganho maturidade pra saber depois gerir o esforço e controlar o nervosismo.»

O chefe da Missão Portuguesa ao Rio 2016 garante que «a maior dificuldade serão os adversários dos atletas» portugueses. «Os nossos atletas irão superar-se» afiança José Garcia esperançado que a representação portuguesa no Brasil supere os 77 atletas em 2012: «Estamos convencidos de que os números de Londres podem ser ultrapassados. Apontaria para um número superior aos 81 [no Rio].»

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