Fernando Gomes e o Football Leaks: «É como se a nossa casa fosse roubada» - TVI

Fernando Gomes e o Football Leaks: «É como se a nossa casa fosse roubada»

Fernando Gomes e Luis Rubiales (LUSA)

Presidente da FPF foi ouvido na 23.ª sessão do julgamento. Apesar de condenar informação obtida de forma ilícita, admite possível ajuda à transparência no futebol português

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O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, constatou esta terça-feira que o organismo é alvo de «muitas tentativas de intrusão» no seu sistema e repudiou, em tribunal, a divulgação obtida de forma ilícita pelo projeto Football Leaks, comparando-o a um roubo de uma casa.

«Essa informação obtida de forma ilegal não deveria ter sido divulgada. Ponto. Desde há muito que vínhamos a criar condições para evitar essas tentativas. Não podemos deixar de estar desconfortáveis, é como se a nossa casa estivesse a ser roubada. A FPF deve preservar e não partilhar a informação que tem à sua guarda», analisou Fernando Gomes, através de videoconferência, na audição efetuada na 23.ª sessão do julgamento do processo Football Leaks, a decorrer no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

Por outro lado, Fernando Gomes admite um possível contributo da plataforma eletrónica para uma maior transparência do futebol e, em resposta à defesa do principal arguido do processo, Rui Pinto, confessou não se opor à divulgação de contratos entre clubes e jogadores.

«A minha posição é que acordos entre entidades privadas são uma responsabilidade entre eles e, se quiserem, têm essa capacidade. Não tenho nenhum problema que sejam divulgados, mas na forma normal de os tramitar não são divulgados», afirmou.

O dirigente de 68 anos confirmou só ter tido conhecimento da intrusão alegadamente cometida por Rui Pinto no sistema informático «em agosto ou setembro de 2019», quando foi chamado pela Polícia Judiciária (PJ) para identificar informação que tinha sido encontrada nos dispositivos apreendidos. No entanto, assumiu que a FPF já tinha ficado alerta cerca de um ano antes, quando, em julho de 2018, os contratos de dois jogadores do Benfica – Ferreyra e Castillo – tinham sido divulgados publicamente.

«Fizemos uma participação à PJ contra desconhecidos, porque não sabíamos quem se tinha intrometido nos sistemas e sem ter a certeza de que isso tinha sido através da rede da FPF. Não sabíamos em que momento tinha havido a intromissão para ter acesso a esses documentos», explicou, aludindo à circulação desses documentos entre os próprios clubes e a Liga.

Na sessão desta terça-feira, foram também ouvidos os advogados Nuno Barnabé e Inês Almeida Costa, ambos ligados à sociedade PLMJ à data dos factos do processo, além da secretária Lina Peres, bem como o membro do Conselho de Arbitragem da FPF João Rocha e o diretor de tecnologia do organismo, Hugo Freitas, cuja inquirição continua a 19 de novembro.

O julgamento prossegue no dia 18, próxima quarta-feira, com a audição do especialista informático da PJ José Luís Cristóvão e das testemunhas dos assistentes do processo, João Medeiros e Inês Almeida Costa.

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