«Administradores dos rivais ganham mais do que os do Sporting» - TVI

«Administradores dos rivais ganham mais do que os do Sporting»

A explicação dos valores da venda de Rui Patrício por Francisco Salgado Zenha

Salgado Zenha fala das contas da SAD leonina e do mercado de transferências

Vice-presidente e administrador da SAD do Sporting, Salgado Zenha desvaloriza a questão da proposta de aumento dos vencimentos dos membros do conselho, lembrando que os valores aplicados por Benfica e FC Porto são superiores.

«Não somos nós que decidimos, mas não sou hipócrita (…), faz sentido porque temos um estudo de ‘benchmarking’ que mostra que o agora sugerido é muito abaixo da mediana do mercado e, se formos ver, os administradores dos nossos rivais ganham mais do que nós, e não estou a falar de variáveis», explicou Salgado Zenha, em entrevista à agência Lusa.

«Em primeiro, quem decide a política de remunerações é uma comissão acionista e, em segundo, esta direção prometeu manter os vencimentos da anterior e recebeu menos, porque abdicaram do ‘bolo’ dos prémios coletivos indexados aos resultados desportivos», acrescentou.

«Não andamos a cortar a eito»

Relativamente ao Relatório e Contas apresentado nesta segunda-feira, e que reflete um prejuízo de 7,9 milhões de euros, Salgado Zenha defendeu que as imparidades com atletas excedentários podiam ter permitido um resultado diferente.

«O exercício tem imparidades com atletas que nós considerámos excedentários em 8,6 milhões de euros. O que significa que, se excluirmos estas imparidades, nós iríamos ter um resultado líquido positivo de 700 mil euros», resumiu o administrador.

Salgado Zenha fala em «ano de transição», até porque a SAD liderada por Frederico Varandas entrou em funções já com o exercício em curso.

«Esta administração não vai entrar em loucuras, mas também não vai fazer apertos de cinto sem estratégia. Não andamos a cortar a eito, precisamos de equilíbrio porque não podemos viver acima das nossas possibilidades e vamos ter de arranjar uma maneira de ajustar sem pôr em causa a competitividade e o rendimento desportivo», garantiu.

Questionado sobre o peso de estar fora da Champions, Salgado Zenha defendeu que é preciso «ir mais longe», lembrando que o exercício de 2017/18 foi negativo, apesar da participação na principal prova europeia.

«É óbvio que os eventos do verão não ajudaram, mas foi um ano de recorde de fluxo de pagamentos na altura – este ano acabou por ser mais alto – com 215 milhões de euros. De tal maneira que a antiga administração se viu aflita e chegou a falhar um pagamento de impostos, numa altura em que não estava aberto o mercado de transferências. Isso prova que, já naquela altura, a situação financeira do clube estava desequilibrada», frisou.

Bruno Fernandes e o papel de Jorge Mendes

O dirigente leonino faz um balanço «muitíssimo positivo» do mercado de transferências recentemente encerrado, destacando o «segundo maior rendimento com venda de jogadores da história da SAD».

«Se atendermos ao volume de vendas e compras, temos uma receita líquida de cerca de 62 milhões de euros», acrescentou, relativamente a um exercício que ainda não contempla as vendas de Raphinha, Thierry Correia e Bas Dost.

«Do ponto de vista desportivo, conseguimos manter a ‘espinha’ dorsal do plantel profissional, reforçar posições que achámos fundamentais e manter o nosso melhor jogador. Se tivéssemos tido esta conversa no início do ‘mercado’, pouca gente acharia que o Bruno Fernandes ficaria, a verdade é que ficou e conseguimos manter aquele que será o ativo desportivo mais importante», afirmou ainda Salgado Zenha.

O administrador da SAD do Sporting garantiu ainda que Bruno Fernandes «terá um aumento adequado ao rendimento dele e dentro das possibilidades».

«O caso do Bas Dost foi paradigmático, nós podemos fazer um esforço até determinado limite, depois não temos capacidade», frisou.

Questionado sobre o valor pelo qual o Sporting admite agora vender o capitão, Salgado Zenha respondeu que «o mercado é dinâmico».

«Eu até estaria disposto a vender o Bruno por um valor, mas, depois de o Raphinha sair, já só estou disposto por outro. É dinâmico, não vou deixar um número que pode ancorar uma negociação, que depois não faz sentido, porque tem de se analisar o momento do jogador e o momento do rendimento desportivo», complementou.

Relativamente ao papel de Jorge Mendes, o dirigente leonino referiu que «é um parceiro, como é uma quantidade enorme de agentes». «Sempre dissemos que trabalhamos com todos os agentes, mas defendendo os nossos interesses. Por curiosidade, não comprámos nenhum jogador com o Jorge Mendes, só vendemos, e contribuiu nas operações de Rui Patrício, Gelson Martins, Daniel Podence e Thierry Correia», concluiu.

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