Morte súbita mais fácil de prever - TVI

Morte súbita mais fácil de prever

Hospital

Caso de Fehér foi o mais mediático, mas «todos os meses morrem jovens a praticar desporto de alta competição». Empresa portuguesa desenvolveu testes inovadores

Diagnosticar doenças cardiovasculares que podem causar morte súbita vai ser mais fácil. Uma empresa portuguesa criou testes inovadores capazes de detectar novos genes e alterações genéticas associadas a estas doenças, que, na maioria das vezes, têm uma causa genética.

A morte de Miklos Fehér despertou o país para a realidade da morte súbita no desporto, mas, segundo José Carlos Machado, director científico da Genetest (empresa com raiz no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto - IPATIMUP), «todos os meses morrem jovens na prática de desportos de alta competição).

Como na maioria dos casos não há sintomas visíveis, o especialista aconselha estes testes aos atletas, «mas não de forma indiscriminada». Só quando os exames mostrarem que «há alterações», ou quando «há casos diagnosticados na família». Os testes permitem melhorar o diagnóstico das seguintes doenças: hipercolesterolemia familiar, miocardiopatia hipertrófica e miocardiopatia dilatada, arritmias cardíacas, síndrome de Marfan e enfarte miocárdio e trombose venosa.

O síndrome QT-longo é um tipo de arritmia cardíaca caracterizado por alterações típicas do perfil electrocardiográfico. É uma doença hereditária associada a elevado risco de morte súbita. Como a maioria dos doentes não apresenta sintomas e a doença é detectada acidentalmente ou só após sobreviverem a episódios de síncope ou arritmia ventricular severa.

O síndrome de Brugada é a mais comum causa de morte súbita (12 por cento dos casos) em indivíduos sem alterações cardíacas estruturais. Os doentes têm arritmias ventriculares que originam alterações electrocardiográficas típicas.

Segundo a empresa, o diagnóstico genético é fundamental para diagnóstico e aconselhamento genético, uma vez que a implantação de um cárdio-desfibrilador é a forma de terapia mais eficaz e deve ser feita o mais cedo possível.

A miocardiopatia hipertrófica caracteriza-se por um aumento de espessura da parede do coração. Afecta um em cada 500 indivíduos e constitui a principal causa de morte súbita em jovens adultos (menos de 35 anos) e desportistas. Os indivíduos com esta doença apresentam um risco elevado de arritmia, paragem cardíaca e morte súbita. Na maioria dos casos, a origem da doença é genética, embora nem sempre seja possível identificar história familiar positiva. É recomendada a restrição da prática desportiva de alta competição em jovens com miocardiopatia hipertrófica.

Estes testes são aconselhados a pessoas a quem tenha sido diagnosticada alguma destas doenças ou em que haja a suspeita, e a familiares directos de doentes diagnosticados. Segundo o responsável da empresa, «não são baratos, custam entre 600 e 1200 euros». Mas José Carlos Machado explica que «ainda custam menos do que um TAC e só se fazem uma vez na vida». A empresa está agora a negociar com o Governo e com as seguradoras para que os testes possam ser comparticipados.
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