Arquiteto do edifício de luxo critica marquise na «penthouse» de Ronaldo - TVI

Arquiteto do edifício de luxo critica marquise na «penthouse» de Ronaldo

Marquise na penthouse de Ronaldo (instagram)

José Mateus aponta ilegalidades à construção da estrutura metálica no topo do prédio; CM de Lisboa não autorizou construção

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Podia ser só mais uma marquise, mas não. 

Cristiano Ronaldo decidiu acrescentar uma estrutura metálica no topo do apartamento luxuoso que comprou no edifício Castilho 203 - o português pagou cerca de sete milhões de euros pela penthouse.

Ora, o arquiteto que assinou o projeto do prédio, José Mateus decidiu expor a situação e acusou o avançado da Juventus de ter construído a marquise sem ter a anuência dos arquitetos e vizinhos e sem aprovação da Câmara Municipal de Lisboa. 

José Mateus sublinhou que «não vai ficar parado» enquanto assiste «ao desrespeito e à conspurcação de forma ignóbil» do seu trabalho, acrescentando que «há cultura, há autorias, há regras, há respeito pelos outros e pelo trabalho dos outros, há civismo, há princípios» que não admite que «sejam atropelados seja por quem for». 

O arquiteto concluiu a exposição frisando que Ronaldo marcou um autogolo que jamais vai esquecer.

Segundo a revista Sábado, a Câmara Municipal de Lisboa garantiu que não autorizou a construção da marquise, referindo que no processo consta apenas «um pedido de autorização para umas guardas de ferro». 

A publicação de José Mateus na íntegra:

O AUTOGOLO DE CR7

A admiração e respeito que tinha por Cristiano Ronaldo, um atleta exímio e inspirador, um exemplo para todos que muitas vezes referi perante os meus filhos e alunos, desmoronou-se num ápice.

Comprou um apartamento no edifício Castilho 203, cuja arquitectura foi desenhada pela ARX, atelier que fundei com o meu irmão Nuno em 1991 e que baseia o seu trabalho, tal como CR7, numa dedicação extrema, níveis de exigência altíssimos, trabalho diário duríssimo. Assistir ao desrespeito e à conspurcação de forma ignóbil do nosso trabalho, da nossa arquitectura, sem ter cumulativamente a anuência dos arquitectos, dos vizinhos e sem projecto aprovado pela CML, construindo à bela “maneira antiga” uma marquise no coroamento do edifício, é algo a que não vou assistir parado. Há cultura, há autorias, há regras, há respeito pelos outros e pelo trabalho dos outros, há civismo, há princípios que não admito que sejam atropelados. Seja por quem for.

Inúmeras vezes vibrei com a arte de CR7, emocionei-me com os seus golos extraordinários. Hoje marcou um autogolo, aquele que me ficará gravado para sempre, na minha arquitectura, e sob a forma de um profundo desprezo.

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