Mundial sub-20: o desafio global da geração de 99 - TVI

Mundial sub-20: o desafio global da geração de 99

Multidão para ver Seleção Nacional de sub-20 em Lousada (FPF)

Portugal está na Polónia com uma equipa que já ganhou muito, feita de talento e com um capital de experiência notável. Entre os favoritos, numa competição com ausentes de peso mas tradicionalmente aberta

Depois do Euro sub-17 e do Euro sub-19, o Mundial sub-20. A geração portuguesa que já ganhou tanto antes da idade adulta tem agora pela frente a maior competição global do futebol jovem, um desafio à altura de uma equipa feita de muito talento e com um capital de experiência notável para esta idade. A fasquia está alta para a geração de 99 que faz sonhar o futebol português, numa competição com ausentes de peso, mas que é tradicionalmente aberta.

Todos os 21 convocados de Hélio Sousa já jogaram fases finais, muitos deles já festejaram triunfos. Nove foram campeões da Europa de sub-17 em 2016 e de sub-19 em 2018, a maioria venceu um desses títulos. São veteranos de seleção, até há repetentes em Mundiais sub-20: Diogo Costa, Luis Maximiano, Diogo Dalot, Florentino, Gedson Fernandes e Miguel Luís já estiveram em 2017 na Coreia do Sul, quando Portugal chegou aos quartos de final, eliminado pelo Uruguai nas grandes penalidades.

E muitos deles já ganharam espaço no futebol de clubes ao mais alto nível. Há oito a jogar no estrangeiro, a maioria já tem experiência de futebol de primeiro escalão. Gedson Fernandes chega aqui com 46 jogos realizados esta época no Benfica, Diogo Dalot com 25 jogos pelo Manchester United, Rafael Leão com 26 pelo Lille, Ruben Vinagre com 21 pelo Wolverhampton. E Florentino, o jogador com mais internacionalizações do grupo nos vários escalões, fez 14 jogos pelo Benfica. Tantos como Miguel Luís pelo Sporting. Até já há um internacional AA nas escolhas - Gedson já foi convocado por Fernando Santos.

É portanto uma seleção que motiva expectativas como poucas antes dela a que chega à Polónia à procura do terceiro título para Portugal na categoria. Passaram 30 anos desde a conquista de 1989, 28 desde o bicampeonato em 1991, as vitórias daquela a que chamaram geração de ouro e que seria a base da seleção por muitos anos.

De então para cá, o melhor que Portugal fez foi a presença na final em 2011. E nem essa geração de 2011 nem nenhuma outra das que jogaram o Mundial sub-20 conseguiu níveis de afirmação no futebol de clubes ou na seleção AA próximos do sucesso das equipas de 1989 e 1991. Em média, Portugal aproveitou ao longo dos tempos para a equipa principal um quarto dos jogadores que estiveram em Campeonatos do Mundo sub-20, como pode ver por estes dados.

Dados que dependem de muitos fatores. E não contam com jogadores que saltaram etapas e chegaram à Seleção AA sem terem jogado um Mundial de juniores. Há casos bem recentes, como Renato Sanches, ou Bernardo Silva, ou Bruno Fernandes. E agora João Félix, jogador desta geração que ficou fora das escolhas para o Mundial sub-20, já foi chamado por Fernando Santos à seleção principal e está na calha para um lugar entre os eleitos para a Liga das Nações. Mas não é difícil antecipar que na atual equipa de Hélio Sousa estão vários jogadores para o futuro de Portugal.

O treinador português assume a responsabilidade da expectativa em redor da seleção. «Com este historial, é normal que já nos considerassem favoritos a conquistar o Mundial, ainda mais tendo esta geração conseguido um feito único na Europa, ao conquistar dois Europeus. Isso eleva ainda mais a fasquia para nós», disse Hélio Sousa à Lusa, admitindo que se coloque Portugal entre os favoritos: «Acho que pode, por tudo o que fizemos nos últimos anos. Este ano, fomos a primeira equipa no ranking de sub-19, vamos ter uma quarta presença consecutiva num Europeu de sub-19 e esta é a quinta presença consecutiva num Mundial de sub-20.»

Portugal na quinta presença seguida, ausentes de peso e os favoritos

A presença de Portugal na Polónia é também, como diz Hélio, o reforçar de um percurso sólido do futebol de seleções. Portugal vai para a quinta presença consecutiva na fase final, a única seleção europeia a consegui-lo. E em absoluto apenas mais duas equipas, potências nas suas confederações, apresentam a mesma regularidade: México e Nova Zelândia.

Não conseguiram o apuramento para a Polónia a campeã do mundo Inglaterra, nem o pentacampeão Brasil. Ou a Espanha, que falha a fase final pela terceira edição seguida. A Sérvia, campeã em 2015, também não voltou a estar presente.

Todos os vencedores do Mundial sub-20

1977: União Soviética

1979: Argentina

1981: Alemanha

1983: Brasil

1985: Brasil

1987: Jugoslávia

1989: Portugal

1991: Portugal

1993: Brasil

1995: Argentina

1997: Argentina

1999: Espanha

2001: Argentina

2003: Brasil

2005: Argentina

2007: Argentina

2009: Gana

2011: Brasil

2013: França

2015: Sérvia

2017: Inglaterra

Mas neste Mundial está a Argentina, a seleção mais titulada em 21 edições da competição, seis vezes vencedora e também uma das favoritas para 2019. A albiceleste, adversária de Portugal no Grupo F, chega aqui como vice-campeã da América do Sul. Só perdeu para o Equador, que tem uma geração muito promissora e chega também à Polónia com ambições altas. E com o sportinguista Gonzalo Plata entre os convocados.

Depois há a França, que foi campeã do mundo em 2013 mas falhou as duas últimas edições e está de volta com uma seleção que tem vários jogadores com experiência no futebol de topo de clubes, como Dan-Axel Zagadou (B. Dortmund), Moussa Diaby (PSG) ou Alban Lafont (Fiorentina). Ou a Itália, que já «perdeu» vários jogadores desta geração para a seleção principal, a começar por Moise Kean, mas tem aqui a base da equipa que foi à final do Europeu sub-19 no ano passado, perdida precisamente para Portugal.

E há muito talento de futuro para acompanhar, na competição que foi o primeiro grande palco de tantas estrelas: de Maradona a Messi, Aguero, Saviola ou Riquelme, de Xavi, Casillas e Iniesta a Henry e Pogba, de Ronaldinho e Kaká, de Rui Costa a Figo.

Não há seleções estreantes entre as 24 que jogarão o Mundial sub-20, mas há algumas com pouca rodagem nestas andanças. Entre elas o Qatar, que tem selecionador português: Bruno Pinheiro, que chegou ao emirado em 2015 e procura prolongar na Polónia o estado de graça que vive o futebol no país, depois da inédita conquista da Taça da Ásia já este ano e a preparar a organização do Mundial 2022.

Estarão na Polónia mais dois jogadores com ligações a Portugal, o guarda-redes Carlos dos Santos, dos juniores do Benfica e a representar os Estados Unidos, e o médio Kobamelo Kodisang, que representou a Sanjoanense esta temporada e está entre os eleitos da África do Sul, último adversário de Portugal na fase de grupos.

O Mundial sub-20 arranca nesta quinta-feira e a estreia de Portugal está marcada para sábado, frente à Coreia do Sul, vice-campeã asiática. Segue-se a Argentina, a 28 de maio, e depois a África do Sul, a 31, com todos os jogos marcados para Bielsko-Biala. Apuram-se para os oitavos de final os dois primeiros de cada grupo e os quatro melhores terceiros.

Veja aqui o calendário do Mundial sub-20

Os grupos para o Mundial sub-20 2019:

Grupo A: Polónia, Colômbia, Taiti e Senegal

Grupo B: México, Itália, Japão e Equador

Grupo C: Uruguai, Honduras, Nova Zelândia e Noruega

Grupo D: Estados Unidos, Qatar, Nigéria e Ucrânia

Grupo E: França, Panamá, Mali e Arábia Saudita

Grupo F: Portugal, Coreia do Sul, Argentina e África do Sul

 

Continue a ler esta notícia