«Quando o jogo não está a correr bem, não ligamos três ou quatro passes» - TVI

«Quando o jogo não está a correr bem, não ligamos três ou quatro passes»

A análise de Fernando Santos à derrota de Portugal com a Sérvia

Fernando Santos, selecionador nacional, em declarações aos jornalistas após a derrota de Portugal com a Sérvia por 2-1 no Estádio da Luz:

[Tem justificação para esta derrota?]

«Justificação, tenho! O que temos de fazer é assumir a responsabilidade e eu sou o principal responsável pelo que não fizemos. A Sérvia conseguiu ser melhor em muitos momentos do jogo.

Nunca pensámos no empate e abordámos o jogo para o vencer. Entrámos com essa disposição clara e conseguimos fazer o golo. Depois, começámos a sentir muitas dificuldades, a circular a bola muito atrás, a baixar as linhas. Houve uma parte na primeira parte em que defendemos nos nossos 30 metros e isso não é normal na nossa equipa.

Tentei chamar os jogadores, porque o Tadic estava sempre sozinho a receber a bola. Chamei os jogadores para retificar esta questão. Foi melhorando um pouco, mas nunca foi tão convincente. O Bernardo veio para dentro para jogarmos num losango que nos permitisse encaixar no adversário, ganhar a bola no último terço e desenvolver alguma situação de ataque. Mas em termos ofensivos tivemos sempre muita dificuldade.

Ao intervalo retificámos e eles mudaram para dois avançados. Encostámos o Danilo mais atrás e a ideia era também explorar os corredores laterais, subindo o nosso jogo. O jogo ficou mais equilibrado em termos de ocasiões, diria. Se o Renato fizesse o 2-1, estaríamos a falar de outra história. Mas o jogo não foi bem concebido e pedimos desculpas. Os portugueses estão tão tristes como nós, mas a minha equipa vai estar no Mundial do Qatar. Vai é disputar um play-off, o que não é habitual pelo menos comigo. Já esteve no play-off três vezes e apurou-se, e eu também já estive anteriormente.»

[Sobre o facto de Portugal ter feito dois jogos – com a Irlanda e a Sérvia – muito aquém das expetativas]

«No jogo da Irlanda é mais compreensível. Jogámos com uma equipa que praticamente nunca jogou junta. Jogadores com muita qualidade, mas que tiveram um ou dois treinos. Acredito sempre na capacidade deles e que mesmo os que jogaram com a Irlanda podiam fazer melhor. Nesse jogo acho que podíamos fazer melhor, mas há alguma atenuante. Esta equipa de hoje joga há mais tempo.

No jogo anterior, as coisas não aconteceram bem, mas funcionaram em termos de resultado. Hoje não funcionaram bem no jogo nem no resultado.»

[Porque é que Portugal, com tanto talento que tem, joga tão pouco futebol?]

(Pensativo…)

«Obviamente que temos talento, jogadores com enorme qualidade principalmente com bola… e temos de pôr essa qualidade no jogo. Há, na minha leitura, dificuldades em jogar contra adversários a jogar a três na defesa. Como no jogo com a Alemanha ou com a Bélgica [no Euro 2020]. Temos dificuldades em articular o jogo. Temos de ver como resolver essa questão.

Sempre que fazemos bem, a equipa exprime toda a sua qualidade em termos de talento. Quando o jogo não está a correr bem, esse talento não se expire. Não ligamos três ou quatro passes. Não conseguimos trocar a bola entre quatro, cinco ou seis jogadores seguidos. Estamos com dificuldades e temos de encontrar solução para isso.»

[No final do jogo, dirigiu-se a Ronaldo e ele abriu os braços. O que se passou? Estava a explicar-lhe alguma coisa?]

«Ninguém estava a explicar nada. Ele estava a falar do golo no último minuto que não contou [n.d.r.: na Sérvia no primeiro jogo]. Foi o desabafo dele e é normal. Ele estava frustrado como eu estava.»

[Porque é que tirou o Bernardo Silva?]

«É fácil. Ele pediu para sair. Só se eu estivesse um bocadinho tolinho. Era o jogador que estava a ter bola e a desequilibrar o jogos e eu tiro o Bernardo, por alguma razão tinha de ser. Não era a vontade técnica. Quando voltou para a segunda parte, as pernas estavam pesadas, já não podia mais e começou a fazer sinal para o banco.»

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