GNR sabia que havia cães à solta - TVI

GNR sabia que havia cães à solta

  • Portugal Diário
  • 22 mar 2007, 14:20
Cães de raça Pit Bull  [Arquivo]

E foi ao local na véspera da tragédia. Mas não encontraram animais

A GNR foi alertada terça-feira que estavam três cães perigosos à solta na Várzea de Sintra, na véspera do ataque mortal a uma mulher por cães arraçados de rottweiler naquela zona, disse à Lusa fonte policial.

A mesma fonte avançou à Lusa que o alerta foi feito por telefone para a GNR de Sintra por um homem que se afirmou funcionário da EDP. No telefonema, o homem dava conta «da existência de três cães perigosos à solta» nas ruas da Várzea de Sintra.

Uma informação confirmada pelo major Lopes Pereira, do gabinete de Relações Públicas da brigada territorial nº 2 da GNR, que adiantou que o telefonema foi feito ao final do dia 20, terça-feira.

«Uma das patrulhas deslocou-se ao local, pelas 00:10, já do dia 21 [quarta-feira], realizou uma batida e perguntou a alguns populares que se encontravam na rua àquela hora se tinham visto os cães, mas ninguém os viu», sublinhou o major Lopes Pereira.

Na quarta-feira, quando a GNR teve «conhecimento da tragédia» - a morte de uma mulher ucraniana, cerca das 07:30 de quarta-feira, causada por ferimentos provocados por quatro cães - «transmitiu a informação à PSP, que se deslocou ao local e tomou conta da ocorrência, mas os militares da GNR chegaram lá pouco tempo depois», sublinhou o responsável.

Questionado sobre se considera que deveria ser iniciada uma averiguação interna sobre o caso, o major Lopes Pereira rejeitou essa possibilidade, alegando não ter sido «possível confirmar a informação prestada» pelo homem que contactou a GNR de Sintra na terça-feira.

Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, Adriano Filipe adiantou que não tinha conhecimento do alerta dado à GNR na terça-feira sobre a existência dos cães no local.

«As autoridades têm de investigar e cumprir a lei para evitar que se repitam casos como este», defendeu Adriano Filipe. O autarca diz que está «muito revoltado» com este caso, que considera que poderia ter sido evitado se a legislação fosse cumprida.

«Isto revolta-me. A mulher perde o marido e o filho e vem para Portugal. No dia que ia buscar a licença para permanecer no país é morta num ataque de cães», sublinhou.

Segundo o autarca, o proprietário dos cães foi ouvido na quinta-feira pela PSP e deverá ser presente hoje a tribunal. As circunstâncias em que os animais se soltaram ainda estão sob investigação da PSP, conforme disse à Lusa uma fonte policial.

Cães abatidos

Os cães que atacaram foram abatidos na quarta-feira ao final da tarde no canil municipal de Sintra, afirmou ao PortugalDiário fonte da Câmara Municipal.

A legislação relativa ao registo dos animais potencialmente perigosos refere que, em caso de agressão considerada grave, o animal em causa deve ser abatido.

Neste caso, que implicou a morte da mulher, o destino final dos animais será «obrigatoriamente a eutanásia, após 15 dias de quarentena para despiste de eventual contaminação de raiva», disse à Lusa fonte da Direcção-Geral de Veterinária.

Em Portugal não existe raiva mas a lei obriga a que seja feito este despiste em todos os casos de agressões perpetradas por cães. Ainda assim, segundo fonte ligada ao processo, a ordem de abate dos animais foi dada e partiu da procuradora-adjunta do tribunal de Sintra.
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