Fernando Santos é que tem o verdadeiro canivete... suíço - TVI

Fernando Santos é que tem o verdadeiro canivete... suíço

Cristiano Ronaldo

Futuro parece risonho, à Suíça a Seleção respondeu com seriedade. E em março volta a doer!

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A derrota no St. Jakob Park retirou a Portugal, logo na estreia, a margem de erro para um apuramento direto para o Campeonato do Mundo.

Talvez devido a alguma falta de foco, numa transição difícil de um momento festivo pela conquista de Paris para o jogo de maior exigência na qualificação, a Seleção deixou-se perder na Suíça e, num grupo aparentemente tranquilo, ficou a dever a si mesmo uma série cem por cento vitoriosa até ao reencontro com o conjunto helvético, em outubro, na última ronda.

Passado o desaire inesperado, apesar da reconhecida competência do adversário, a Seleção recuperou o mesmo foco, e reagiu com três goleadas frente a Andorra (6-0), Ilhas Feroé (0-6) e Letónia (4-1), que garantem para já sete golos à maior em contas que poderão ser importantes no final.

Os suíços, por sua vez, já passaram na Hungria e seguem isolados na frente. Só uma noite desastrosa lhes retirará os pontos necessários para que não cheguem a esse jogo com Portugal à frente na tabela.

Se tudo continuar dentro da normalidade, e por normalidade devemos entender vitórias de ambas as seleções e com a portuguesa a manter-se à frente no rácio entre golos marcados e sofridos, Portugal terá nesse embate com a Suíça a oportunidade de fechar o grupo em primeiro e garantir a vaga direta.

Ronaldo ameaça todos os recordes.

O próximo jogo, em março, e o de setembro, ambos frente à Hungria, revertem-se de vital importância para as contas finais. Se Portugal tem qualidade mais do que suficiente para levar de vencida em ambos os encontros o conjunto magiar, a verdade é que ainda permanecem na memória as dificuldades sentidas perante o mesmo adversário no Euro-2016 (3-3), numa partida que até poderia ter carimbado o adeus do futuro campeão europeu. Março ainda está longe o suficiente, e agora há que reconhecer a seriedade da equipa de Fernando Santos perante rivais de menor valor sim, mas aos quais foi dada pouca hipótese de superação.

O melhor Ronaldo e... o melhor plantel?

Cristiano Ronaldo tem sido, obviamente, fundamental. Se nunca esteve em causa a importância que tem no conjunto das quinas o capitão parece agora disposto também a bater todos os recordes pela Seleção. O país agradece, claro.

Os penáltis andam incertos, é verdade, mas o perfeccionista dos perfeccionistas irá certamente encontrar uma solução para voltar a subir as percentagens.

Fernando Santos é que o verdadeiro dono do «canivete... suíço».

Fernando Santos continua a ter Ricardo Quaresma no papel de joker – mais uma vez foi fundamental –, agora com Gelson – boa entrada em jogo – também a ganhar protagonismo em funções semelhantes. A defesa, apesar de envelhecida, parece dar indicações de aguentar estável por mais algum tempo – e com Rúben Semedo à espreita de uma oportunidade –, e o ataque assume agora uma versatilidade maior com André Silva. Precisará de tempo para criar rotinas, mas as primeiras indicações continuam a ser muito boas.

No meio-campo defensivo e ofensivo, onde a riqueza abunda, há soluções para todos os gostos. Se William – excelente exibição frente à Letónia – e Danilo continuarão na primeira linha para a posição 6, mais à frente a concorrência está mesmo ao rubro.

O selecionador poderá escolher entre a agressividade e capacidade pressionante de Adrien, a experiência e posicionamento de Moutinho, a excelência de passe de André Gomes – voltou a mostrar atributos nesse capítulo no Algarve – e a irreverência e a tendência para quebrar linhas de Renato Sanches. Há ainda Pizzi, que também poderá entrar num jogo mais cerebral igualmente no meio, ou o pulmão de André André, preterido nas últimas escolhas.

Nas alas, às diagonais de Bernardo Silva respondem Quaresma e Gelson com dribles e cruzamentos, e João Mário com jogo interior e inteligência no último terço. Há Nani, que pode cumprir em várias posições e ainda acrescenta meia distância e a capacidade de aparecer entre linhas, e Rafa, mais vertical, mas por enquanto ainda lesionado.

O mais difícil para Fernando Santos será escolher. E até pode fazê-lo mediante os obstáculos que o adversário colocar, uma vez que parece ser ele o dono de um canivete… suíço, cheio de soluções.

Bruno Fernandes têm aproveitado os sub-21 para confirmar crescimento.

A tudo isto, somam-se claro Rui Jorge e os seus sub-21. Enquanto prepara o Europeu do próximo ano, o treinador vai moldando, com excelência, jogadores para, quando houver espaço, poderem também eles dar o salto. Rúben Neves, Bruno Fernandes, o já falado Rúben Semedo, Gonçalo Guedes, Francisco Geraldes, Diogo Jota e os irmãos Horta, sendo que no caso de Ricardo seria um regresso, e apenas para falar de alguns, mostram qualidade suficiente para estar nos AA a curto/médio prazo.

O selecionador terá, como sempre, o papel de unir tudo isto e, também, gerir recursos para os vários objetivos das seleções. O futuro parece muito risonho. Só que primeiro será fundamental continuar a desbravar caminho na fase de apuramento. Em março, será outra vez muito a sério. Até lá os clubes que os aproveitem. Ou passem a aproveitar ainda mais.

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LUÍS MATEUS é o Diretor do MAISFUTEBOL e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».

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