Sporting: campeão, obviamente, Ruben - TVI

Sporting: campeão, obviamente, Ruben

Rio Ave-Sporting

Amorim viu o clube de Alvalade do lado de fora durante muito tempo. E percebeu-o

O Sporting é campeão nacional de futebol.

Antes de mais, é um título merecido. Merecidíssimo. É verdade que se costuma dizer o mesmo de todos os campeões. Mas o Sporting foi, sem sombra para qualquer dúvida, a melhor equipa do campeonato. E ainda faltam duas jornadas, o que só prova a última declaração.

Zero derrotas até à 32.ª jornada, imbatível em clássicos. Melhor defesa da liga. Não tem o melhor ataque, é certo. Mas como Sérgio Conceição sabe, o indicativo defensivo é dos mais relevantes nas contas do título.

O Sporting pareceu, sobretudo, uma equipa sem dúvidas. Sem dúvidas sobre as suas qualidades, mas também sobre as suas fraquezas. E embora as primeiras sejam mais que as segundas, reconhecer as últimas em campo foi fundamental para o sucesso da temporada.

O Sporting soube como atacar, mas soube, muito bem, proteger-se. Isso viu-se no relvado em números e em estratégia, mas fora dele também. E aí, todas as palavras contam. Sejam numa providência cautelar com o nome Palhinha, sejam numa conferência de imprensa de Ruben Amorim. Se as palavras contam, o treinador do Sporting acertou em quase todas. Por um motivo simples: enfrentou o desafio Sporting com a honestidade no discurso.

Nunca escondeu de onde vinha, nem teve de inventar palavras fugidias para escapar ao tema Benfica. Foi de frente, com a verdade, sem se desviar do rumo.  

O que Amorim disse dias depois da eliminação frente ao LASK Linz e logo após a vitória sobre o Portimonense foi, parece-me, o olhar atento de alguém que viu o Sporting de fora durante bastante tempo. E percebeu-o. Percebeu a divisão, percebeu como alguns o olhavam a ele mesmo, e percebeu a ‘cura’.

«Estes rapazes precisam da ajuda deles [adeptos], porque são miúdos formados no Sporting. Eles sentiram a derrota, mas, talvez pela idade e pela forma de estar e com [a experiência] dos ‘capitães’, a forma como se agarram uns aos outros é relevante para o clube. É uma imagem forte, uma imagem boa e um bom exemplo para o nosso clube.»

O Sporting ia onde o treinador o levava. A coerência do discurso de Ruben Amorim, a originalidade do mesmo no meio de um futebol cheio de gente hipocritamente pudica no que toca a falar de rivais, trouxe entusiasmo a Alvalade e, creio até, causou inveja na Luz. 

Amorim rompeu preconceitos clubísticos e conceitos absurdos da comunicação desportiva vigente e, já agora, lançou discussão séria sobre a formação de treinadores.

Ruben assumiu que errou, assumiu que não era santo, assumiu que se excedeu, assumiu desde início que era benfiquista, e assumiu que copiou o FC Porto. E daí?  

Não sei se o Sporting de Amorim iniciou uma era, mas era bom que o Amorim do Sporting marcasse uma tendência. Para já, fica na História como o homem que alimentou o leão ao fim de um jejum de 19 anos e isso, só por si, é absolutamente notável.

O Sporting é campeão. Merecidíssimo, obviamente, Ruben. 

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