Linha “Crianças de Perigo” recebeu 854 chamadas - TVI

Linha “Crianças de Perigo” recebeu 854 chamadas

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  • 1 abr 2021, 13:01
Crianças

Ministra destacou que linha destina-se a qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma criança ou jovem em risco ou aos próprios visados

A linha telefónica "Crianças em Perigo", criada durante a pandemia, recebeu desde maio de 2020 "854 chamadas e 1.412 comunicações", informou esta quinta-feira a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Durante a conferência virtual "Cuida bem de mim - Os desafios da primeira infância", promovida pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, no âmbito do Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, a governante realçou que a linha telefónica (961 231 111) destina-se a qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma criança ou jovem em risco ou aos próprios visados.

Ana Mendes Godinho disse que a pandemia de covid-19 "colocou-nos a todos à prova", salientou que a proteção de crianças e jovens em perigo "é um desígnio de todos" e frisou que se enfrenta "o grande desafio de continuar a assegurar de forma adequada" a prevenção dos direitos das crianças e jovens.

A ministra adiantou que o período em que os alunos têm estado fora dos estabelecimentos de ensino comprometeu a vigilância sobre situações que requerem atenção.

"O tempo em que as crianças não têm de estar presencialmente nas escolas, creches e jardins de infância compromete a capacidade de atenção e de vigilância, mas as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens não baixaram nunca os braços, mantêm-se firmes, reinventaram-se e diariamente mantêm a sua atenção, contacto e acompanhamento de milhares de crianças e famílias que diariamente precisam de especial ajuda e apoio", acentuou Ana Mendes Godinho.

A governante vincou que, a par desta "resposta proativa", foram também desenvolvidas com as escolas outras ferramentas de intervenção.

"Foi também trabalhada, em parceria com o Ministério de Educação, uma metodologia inovadora, e adaptada ao ensino à distância, para permitir e capacitar as escolas para a sinalização de situações de perigo", acrescentou Ana Mendes Godinho.

A ministra considerou ser "incompreensível que crianças e jovens continuem a ser sujeitas a qualquer espécie de violência", defendeu a necessidade de existir firmeza "na adoção de políticas que incidam na prevenção e, particularmente, ao nível do combate da intervenção nas situações que constituem qualquer tipo de violência" e apelou para a atenção da comunidade em geral.

"Hoje, mais do que nunca, cabe a todos acautelar e proteger as crianças e os jovens numa situação nova e excecional que atravessamos. A resposta de agir e proteger é um desígnio de todos nós", referiu.

A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) - Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, Rosário Farmhouse, reforçou a importância de "chamar a atenção para esta situação", a começar pela desconstrução de alguns mitos.

"Os maus-tratos são transversais a todas as classes sociais, não existem mais maus-tratos numa classe ou noutra, podem existir contextos que potenciam os maus-tratos", reforçou Rosário Farmhouse.

Durante a conferência digital, a responsável enfatizou ainda que "a violência não educa comportamentos, pelo contrário" e rejeitou a ideia da "palmada educativa".

Rosário Farmhouse salientou que o abuso e qualquer tipo de violência "faz com que as crianças, numa tentativa de defesa, também elas desenvolvam comportamentos violentos, muitas vezes manipuladores, de proteção".

Na iniciativa, realizada no âmbito da campanha do Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, com o lema "Serei O Que Me Deres", Rosário Farmhouse explicou que esta é uma tentativa de "quebrar um ciclo".

"Aquilo que fizermos às nossas crianças é aquilo que queremos ter no futuro", afirmou, alertando que crianças que viveram em contextos abusivos e não tiveram uma intervenção adequada ao longo da vida têm maior probabilidade de, em adultos, replicarem esses comportamentos e prolongarem o ciclo de violência.

"Comportamentos agressivos e violentos, sejam eles físicos, psicológicos, emocionais, negligência, abuso, são comportamentos que têm de parar, porque a probabilidade de replicação é muito elevada", advertiu Rosário Farmhouse.

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